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Gêneros
Além de publicar sistematicamente originais inéditos de autores de todo o Brasil, o Cândido também se notabilizou por discutir a trajetória e a produção atual de gêneros mais específicos, como a literatura policial, erótica, de fantasia, ficção científica, etc. Já na segunda edição, o assunto de capa foi o segmento infantojuvenil, com texto assinado por ninguém menos que Ana Maria Machado, autora de mais de 100 livros. Três números depois, Flávio Moreira da Costa perguntou: “Existe uma literatura policial brasileira?”. No ano passado, Luiz Bras traçou uma linha evolutiva da prosa futurista brasileira, dos precursores à era digital.
“Para o senso comum, o pornográfico é o que ‘mostra tudo’, enquanto o erótico é o ‘velado’. Contudo, para o estudioso do erotismo literário, essa distinção é falsa, moralista. A rigor, livros como os do Marquês de Sade, Georges Bataille, Glauco Mattoso ou Reinaldo Moraes são muito mais obscenos do que a pornografia comercial de uma Bruna Surfistinha ou de uma E. L. James [autora do best-seller Cinquenta Tons de Cinza].”
Eliane Robert Moraes na reportagem “A Lei do Desejo”, sobre o erotismo na literatura brasileira (edição 53, dezembro de 2015)
Dw Ribatski
“Falta o meio e o fim. Falta o enredo. Mais ação. Mais talentos? Faltam mais cadáveres iniciais — em contraponto à nossa realidade, onde eles abundam —, mais investigações, mais detetives e leitores, mais, enfim, literatura, fora de divisões e de preconceitos. O filósofo Hegel escreveu que o problema da História é a história do problema. Problema ou mistério, tanto faz: o mistério desta história é a história desses mistérios.”
Rafael Sica
“Ainda a respeito deste viés nacionalista, o pesquisador Roberto Causo, em seu livro Ficção Científica, Fantasia e Horror no Brasil — 1875 a 1950, menciona que a fantasia épica encontrou formas originais no Nordeste brasileiro, ora assumindo forma de cordel, ora servindo de base para grandes sagas como O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971), de Ariano Suassuna (1927-2014), baseado no mito sebastianista português, para criar um reino mítico nordestino, aos moldes das lendas arturianas.”
Marcelo Cipis