Editorial

Esta 25ª edição marca os dois anos do Cândido. Desde agosto de 2011, o jornal se mantém firme em um cenário inóspito para impressos. Ao mesmo tempo em que a mídia tradicional reduz seus canais de difusão de cultura, com o fechamento de diversos suplementos culturais, o Cândido continua a difundir um nicho do saber — a literatura — que muitos acreditam ser irrisório no país. Não é. Os 10 mil exemplares do jornal editado pela Biblioteca Pública do Paraná, assim como outros periódicos paranaenses em atividade, demonstram que a literatura tem público. Distribuído em todas as bibliotecas do Estado, nos Faróis do Saber e casas de Leitura de Curitiba, em museus, livrarias, cafés e cinemas, o Cândido tem levado a milhares de pessoas informações sobre o presente e o passado da rica literatura brasileira. Além de difundir a produção atual de escritores brasileiros. Em dois anos, foram mais de 80 inéditos, entre contos, poemas e trechos de romances publicados pelo Cândido.

A partir desta edição, o periódico também passa a ser distribuído em todas as escolas de ensino médio do Paraná, em uma parceria entre a BPP e a Secretaria de Estado da Educação (SEED).

Como forma de celebrar os dois anos do Cândido, esta edição traz um ensaio exclusivo do professor e escritor Paulo Venturelli, que repassa mais de um século de literatura no Paraná, da segunda metade do século XIX, quando o Estado finalmente se emancipa, até os novíssimos tempos, em que se verifica uma efervescência literária bastante grande. O especial sobre a literatura paranaense se completa com uma matéria sobre a tradição editorial de Curitiba.

Já o especial de capa traz textos que debatem a forma como a literatura se apropria da realidade. Especialistas e críticos revelam quais são os livros de ficção que explicariam o Brasil. Nesse debate, que envolveu críticos como Noemi Jaffe e Luís Augusto Fischer, o nome de Machado de Assis reverbera como um escritor cuja obra dialoga com seu tempo sem que isso tenha prejudicado sua ficção. Machado, assim como Graciliano Ramos, seriam escritores de livros que se tornaram fundamentais por dissecar a realidade, incorporando-a em suas obras, mas também oferecendo novas visões para o leitor dessa mesma realidade. A partir dessa discussão, a edição traz livros de ficção que, voluntariamente ou não, ficaram marcados pela gênese sociológica.

Boa leitura.