Uma brisa me garça 19/12/2012 - 13:10

manoel de barros

Manoel de Barros

A gente foi criado no ermo igual ser pedra.
Para nós, melhor que lidar com ideias, era
fazer parte do chão, do rio, das árvores, das
rãs e das garças.
A gente queria pegar na raiz das palavras.
Eu bem quisera conhecer o formato do
silêncio.
Nossa vida era como um rio ensopado de
sol.
As palavras não tinham comportamento.
Bernardo modificava a natureza e com
as suas artes:
hoje ele fez um prego torto
para pregar água na parede.
Isso era liberdade?
No olhar do menino havia um arrebol!
Ele queria falar com sotaque de Fonte.



O poema foi publicado, originalmente, no Jornal Cândido. O poema pode ser lido na edição Nº 13.

Ilustração: Rogério Coelho

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