Poema | Gerson Maciel

A minha primeira paixão juvenil
não bradou com frenesi,
a tão pungente desdita.
A alma sofreu um talho lancinante.
Logo após,
a censura desmoronou meu alento.
Até mesmo,
as imagens quedaram-se turvas,
no clarão dos penhascos de minhas retinas.
Nenhum lenitivo fez-se eficaz,
para o meu dissabor.
O revés,
tornou-se superior e diverso de meu intento.
Em tempo algum houve iniquidade entre nós
Palavras minúsculas e maiúsculas,
visíveis e indecifráveis,
intimidades desconhecidas,
indomáveis e incontidos pudores,
explicitamente, entrecruzaram,
nossas penugens de cumplicidades.
Todavia,
a fim de transpor a borrasca,
que a secessão provocou,
tivemos de pôr do avesso nossos corações.
O que remanesceu desta abarrotada mancebia juvenil,
valeu, acima de tudo, pelas nossas vidralhadas moídas.
Ao mesmo tempo em que foi intensa,
tão grande indigestão,
instigada pelos fragmentos,
descomedidos,
de nossas vidraças esmigalhadas.
No epílogo deste enredo,
o que mitigou nosso desamor,
tangeu o legado que este deixou.


Gerson Maciel é escritor e poeta. Vive em Curitiba (PR).