Editorial

Em um tempo em que as crianças parecem totalmente desvinculadas do livro de papel, mais afeitas às maravilhas do mundo digital, uma aparente contradição se revela: nunca se leu e publicou tanto no Brasil. Para discutir essa questão, a edição de outubro do Cândido dedica sua capa à literatura infantojuvenil. Grandes autores, como Ana Maria Machado e Ricardo Azevedo, que há décadas acompanham o desenvolvimento da leitura no Brasil, falam sobre os desafios e as vantagens de formar novos leitores na era da internet e das redes sociais.

“É um desrespeito à inteligência dos jovens imaginar que, por estarem acostumados com computador e internet, convertem-se em semianalfabetos, incapazes de se deliciar com um bom texto que não fale de sua realidade imediata”, escreve Ana Maria Machado em seu texto.

“O que preocupa não são as novas tecnologias, mas sim sua utilização por gente individualista e consumista, por técnicos acríticos e despolitizados”, emenda Ricardo Azevedo. A discussão é recheada por texto que tenta desvendar o fascínio de jovens pela literatura de fantasia, um gênero bem-sucedido e que ganhou toque brasileiro nos últimos anos, com ascensão de best-sellers nacionais como André Vianco e Eduardo Spohr.
A edição ainda traz texto especial do escritor Roberto Gomes sobre a poetisa Helena Kolody, que em outubro deste ano faria 99 anos, crônica inédita de Heloisa Seixas sobre sua descoberta da escrita e poema de Adélia Prado, uma das maiores poetas de nossa literatura contemporânea.

Boa leitura a todos.