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América Latina

A velha máxima de que “O Brasil dá as costas para seus hermanos” não se aplica ao Cândido. Autores latino-americanos aparecem regularmente no jornal desde os primeiros números, inclusive em traduções inéditas e exclusivas. E pelo menos dois especiais de capa foram dedicados a movimentos literários da região. Em 2015, Marcio Renato dos Santos produziu a reportagem “A Invenção do Continente”, sobre como a geração de Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa e Carlos Fuentes, entre outros, encontrou novos caminhos para a ficção recriando a vida na AL. No ano passado, Carlos Henrique Schroeder investigou a nova literatura Argentina de nomes como Samanta Schweblin, Selva Almada e Daniel Link — este último também entrevistado por Ronaldo Bressane.

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Mario Vargas Llosa e Gabriel García Márquez

“Do ponto de vista estritamente latino-americano, acredito que o maior legado desse movimento foi no sentido de estabelecer definitivamente uma identidade própria para os escritores dessa região do mundo que, até então, eram vistos — e, o que é mais importante, muitos deles ainda se viam — apenas como discípulos dos grandes mestres europeus."

Claudio Celso Alano da Cruz, professor da Universidade Federal de Santa Catarina, na reportagem sobre o boom literário latinoamericano dos anos 1960 (edição 46, maio de 2015)


“Piglia apreciava as narrativas cujo gênero, mesmo depois de grande esforço, não se pode decidir. Ficções que escapam aos nossos esforços inúteis de classificação e adestramento. E que, mais ainda, saltam à frente de qualquer classificação, defrontando-nos com sua assustadora singularidade. É desse horror diante do desconhecido, desse horror ao ‘um’, que quase toda a literatura contemporânea foge. Pois é aí, justamente, que os escritores mais corajosos, e Piglia foi um deles, jogam suas principais cartas.”

José Castello, em ensaio produzido após a morte de Ricardo Piglia (1941-2017) (edição 70, maio de 2017)


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O inclassificável Ricardo Piglia



A FORTUNA
A fortuna não ama a quem a ama:
Esta pequena folha de louro
Chegou com anos de atraso.
Quando eu a desejava
Para ser desejado
Por uma dama de lábios rubros
Me foi negada várias vezes
E agora que estou velho ela aparece.
Agora que não me serve para nada.

Agora que não me serve para nada
Me jogam na cara
Quase

como
  uma
 
  de
terra… 

Poema do chileno Nicanor Parra, traduzido por Joana Barossi (edição 44, março de 2015)

Robson Vilalba
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O argentino Julio Cortázar, por Robson Vilalba, na série Retrato de um Artista (edição 4, novembro de 2011)