ESPECIAL | Almanaque 31/07/2023 - 14:55

Curiosidades sobre livros adaptados para as telas e novelas baseadas em livros que estão disponíveis no streaming

 

Hiago Rizzi

 

 

 

Ciranda de Pedra (1954), de Lygia Fagundes Telles

O texto de Lygia Fagundes Telles foi adaptado duas vezes pela Globo. A versão de 1981, com texto de Teixeira Filho, foca na adolescência da personagem Virginia (Lucélia Santos) e sua relação com os pais. A versão de 2008, com texto de Alcides Nogueira e Ana Paula Arósio como protagonista, se passa em 1958, enquanto a trama original é dos anos 1940. Lygia preferia esta versão, disse à revista Veja.

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Ana Paula Arósio em Ciranda de Pedra (2008). Reprodução / Rede Globo

 


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A Escrava Isaura (1875), de Bernardo Guimarães

A primeira adaptação do livro, de 1976, é de Gilberto Braga. A história em torno da escravatura repercutiu pelo mundo — chegou a instituir uma nova palavra no dicionário da União Soviética, correspondente à “fazenda”, além de motivar um cessar-fogo na guerra entre a Bósnia e Herzegovina e a Sérvia enquanto a novela era exibida. A versão de 2004, da Record, foi dirigida por Herval Rossano, como havia sido feito décadas antes na Globo.

 

 

 

 

Gabriela, Cravo e Canela (1958), de Jorge Amado

A história da mulher pobre que chega à cidade de Ilhéus, na Bahia, e cativa seus moradores saiu primeiro na TV Tupi, exibida ao vivo em 1960. Mas o sucesso — internacional, inclusive — veio em 1975, com Sônia Braga como Gabriela e adaptação de Walter George Durst. Em 2012, Walcyr Carrasco retomou a história na segunda novela das 23h da Globo, com Juliana Paes no papel principal. A obra também virou filme, com direção de Bruno Barreto.

 

 

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Paulo Gracindo como Odorico Paraguaçu, em1973. Reprodução / Rede Globo

 

 

O Bem-Amado (1973), de Dias Gomes

A peça Odorico, o Bem-Amado (1962), de Dias Gomes, adaptada por ele próprio em 1973, foi a primeira telenovela em cores do país e também a primeira a ser exportada. A versão anterior é da TV Tupi, de 1963. Por ser uma sátira política, sofreu com a censura em diversos momentos, da música da abertura a trechos de áudios cortados com as palavras “capitão” e "coronel”. Virou série nos anos 1980 e filme em 2010 — Rolando Boldrin, Paulo Gracindo e Marco Nanini deram vida a Odorico Paraguaçu.

 

 

Laços de Família (2000), de Manoel Carlos

Um dos núcleos de Laços de Família se serve diretamente da literatura. Giovanna Antonelli interpreta Capitu e, como a personagem de olhar oblíquo e dissimulado de Dom Casmurro, vive dilemas morais atualizados à contemporaneidade. Enquanto seu pai trabalha como revisor de livros, sua mãe, Ema (Walderez de Barros) tem esse nome em alusão à Madame Bovary. Além disso, o personagem de Tony Ramos é dono da Livraria Dom Casmurro, no Leblon, inspirada na Livraria Argumento, no Rio de Janeiro.

 

 

 

 

Cordel Encantado (2011), de Thelma Guedes e Duca Rachid

A telenovela, que teve participação de Thereza Falcão, Manuela Dias e Daisy Chaves no texto, pode ser descrita como uma fábula no Nordeste. A história de reis e cangaceiros também mistura a narrativa de conto de fadas à literatura de cordel, em um sertão medieval. A história segue a gênese dos folhetins: a busca pelos pais biológicos, um amor proibido e conflitos entre as famílias.

 

O Cravo e a Rosa (2000), de Walcyr Carrasco

A primeira novela de Walcyr Carrasco para a Globo é uma adaptação de A Megera Domada, de William Shakespeare, e já foi reprisada três vezes — a última em 2021. O texto do autor inglês já havia sido adaptado por Ivani Ribeiro para A Indomável (1966, TV Excelsior) e em O Machão (1974, Tupi), de Sérgio Jockymann.

 

 

 

Tieta do Agreste (1977), de Jorge Amado

Outro clássico do escritor baiano, Tieta foi para as telas em 1990, com texto adaptado por Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn. Foi a segunda novela com maior audiência da Globo (ficou atrás de Roque Santeiro), o que não a poupou de críticas: o público não recebeu bem a relação incestuosa entre Tieta (Betty Faria) e seu sobrinho, além do retrato da pedofilia cometida pelo padre da cidade.