Um Escritor na Biblioteca I Beatriz Bracher

Da Redação

Como a quase totalidade dos escritores, Beatriz Bracher também tem uma longa e apaixonada relação com a literatura. Porém, estreou como escritora relativamente tarde, em 2002, aos 40 anos, com o romance Azul e dura. Esse hiato entre os primeiros escritos, no início da adolescência, e o debute como autora foi preenchido de diversas maneiras (pelo cinema, pela maternidade e por uma editora, a 34) até Beatriz “ter coragem” de publicar.

Hoje, passados mais de 15 anos desse momento decisivo na carreira da escritora, ela é uma das vozes mais incensadas da literatura brasileira contemporânea. “Você só sabe se tem talento ou não se começa a escrever. Talvez o primeiro livro não sejam bom, pode ser que o segundo seja, pode ser que nenhum seja. Você só vai saber se começar a escrever”, diz a autora, que participou da edição de junho do projeto Um Escritor na Biblioteca. 
                                                                                                                                                                                                                                                                                                               Fotos: Kraw Penas
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Paulistana nascida em 1961, Beatriz Bracher é autora de quatro romances — Azul e dura (2002), Não falei (2004), Antônio (2007) e Anatomia do paraíso (2015) — e duas coletâneas de contos — Meu amor (2009) e Garimpo (2013). Também fez roteiros para o cinema. Com o cineasta paranaense Sérgio Bianchi escreveu o argumento do filme Cronicamente inviável (2000) e o roteiro do longa-metragem Os inquilinos (2009), que ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival do Rio em 2009. Já com Karim Aïnouz escreveu o roteiro de O abismo prateado (2011).

Conhecida pelas estruturas narrativas imbricadas de seus livros, Beatriz comentou seu processo de criação, bastante calcado na elaboração dos personagens e na utilização de alguns recursos recorrentes, como a memória. “Em cada trabalho funciona de uma maneira. Mas meus três primeiros livros têm essa questão da memória, da lembrança. É sempre o narrador ou os narradores que estão se lembrando.”

Entre outros assuntos, durante a conversa mediada pelo jornalista e tradutor Christian Schwartz, a escritora relembrou o primeiro contato com a literatura, quando morou na Alemanha, os escritores decisivos para que começasse a escrever (Cortázar, Kafka e Borges) e deu pistas sobre seu próximo projeto: um romance sobre a Guerra do Paraguai.

Alemanha
Não gostava de ler até uns 11 anos. Lia muitas histórias em quadrinhos, livros para a escola. Aí com 10 anos fui fazer intercâmbio na Alemanha. Meus pais viveram lá por um tempo, então ainda tinham alguns amigos no país. Senti muita falta dos meus pais, dos meus irmãos, do Brasil. Aí me arrumaram um livro em português para ler, que era O boi Aruá, do Luís Jardim. Adorei o livro, li várias e várias vezes. Depois fui reler, já adulta, e é um livro legal. Mas acho que tinha muito a ver com ler em português e ser uma história que se passava no Brasil. Nesse período, na Alemanha, também escrevi muitas cartas. Acho que essa relação com a escrita, da maneira forte como ficou, veio disso, dessa experiência de solidão, saudade. Daí para frente comecei a ler muito, todos os tipos de livro.

Solidão
Percebo que, principalmente crianças, adolescentes e pré-adolescentes, começam a ler em algum momento difícil da vida, em que se sentem excluídos ou querem ficar excluídos. A leitura tem muito a ver com essa questão de estar sozinho, de procurar paz, silêncio. Tive a sorte de ter uma professora de português, no ginásio, que resolveu que ia dar uma literatura que nos interessasse, a nós crianças de 12, 13, 14 anos. Ela deu Aldous Huxley, Hermann Hesse, Graciliano Ramos. A gente teria que ter estudado o Romantismo, o Barroco, mas ela esqueceu disso tudo e resolveu partir para livros que tivessem assuntos interessantes. Hoje em dia, se eu não leio um livro, não estou com um livro, fico infeliz.

Casa
Meus pais tinham muitos livros. Minha mãe é formada em História, depois ela acabou sendo educadora. Meu pai é advogado e trabalhou em banco. Ambos tinham muitos livros. Os meus irmãos também gostavam de ler. Mas nunca li Monteiro Lobato, essas coisas. Quando comecei a ler, já foi uma literatura mais adulta. A minha mãe e a minha avó contavam muitas histórias para a gente, e eu gostava muito disso, de ouvir histórias. Passei a contar muitas histórias para os meus primos, mesmo quando pequena, e organizar teatrinhos. Quando comecei a ler, com 15 anos, Dostoiévski e outros autores, lembro do meu pai falando: “A vida já é muito difícil, não fica lendo esses livros duros. Espera crescer”. Eu falava: “Mas eu gosto muito”.

Leitura hoje
Só com uns 40 anos aprendi a largar um livro no meio. Acho que é um grande aprendizado. Eu insisto muito no livro, porque gosto do desafio, de ser uma coisa difícil, de eu meio que não estar entendendo e continuar, de não me preocupar de não estar entendendo, porque uma hora engata, uma hora vou entender. E, em geral, isso acontece. Mas, às vezes, o livro é chato. Não é questão de não entender, é só que é muito aborrecido, não vejo nenhuma graça. Só que, às vezes, isso acontece com livros que amigos ou conhecidos falaram muito bem, pessoas que eu considero. Aí penso que o livro “deve ter alguma coisa”. Mas agora já aprendi a abandonar. Se eu acho chato, paciência. Mas tenho prazer com o livro que me desafia. Por exemplo o Ulysses, do Joyce, é um livro pouco simples — comecei três vezes. Na segunda, li até a página 100 e falei “realmente não estou entendendo nada, deixa eu começar de novo”. Resolvi ler o Retrato de um artista quando jovem, o livro anterior dele, um romance, e é um livro que não tem nada de experimental na linguagem. E apresenta o personagem que inicia Ulysses, o Stephen. Aí eu fui. Depois de ler esse primeiro, consegui ver que minha dificuldade era completamente boba. Não que era boba. Eu não conseguia entender o lugar em que ele estava: uma cena de café da manhã, numa torre. É uma sala onde eles estão. Eu falava: “Como assim, uma torre? Tem um lugar onde é um quarto, com uma mesa de café da manhã?” Isso me atrapalhava muito. Depois que eu consegui entender, foi embora. Mas o livro não é fácil...

Ler romances
Para mim, é muito importante ler. Escrever também é, mas ler é mais importante do que escrever. Minha relação com a vida passa muito por estar lendo — essa coisa mais introspectiva. Acho que é um complicador das coisas simplificadas que a gente vê no mundo, e isso é importante para ver o mundo de maneiras diferentes. E não só maneiras diferentes — é não querer achar soluções rápidas, saber que não tem solução, não tem uma forma definitiva, ter uma curiosidade pelo diferente. A literatura é essencial, para mim, para um monte de coisas, e acho que para todas as pessoas que leem será também. Só que as pessoas estão lendo menos. Com certeza, a literatura tem muito menos importância na formação de uma geração hoje. As pessoas não leem todas o mesmo livro, como acontecia há 40, há 50 anos. Então o poder de influência de uma geração de escritores, vamos dizer, sobre a geração seguinte, é muito menor. A importância da literatura é enorme, mas não sei se as pessoas percebem essa importância. Acho que cada vez menos.

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Cortázar
O primeiro escritor que gostei mesmo foi o Cortázar. O Julio Cortázar, que depois vim a saber que é um escritor muito comum de adolescentes gostarem, se inspirarem. E não que ele seja para adolescentes, ele é um escritor maravilhoso de literatura adulta. Mas acho que ele tem uma coisa lúdica, maluca, forte, poderosa. E também tinha uma fotografia dele nas orelhas dos livros, e ele era muito lindo e charmoso. Eu ficava pensando no escritor como alguém muito charmoso. Se tem uma influência, para eu falar “ser escritor é uma coisa legal”, nesse aspecto mais prosaico da coisa, eu diria que foi o Cortázar. Agora, querer escrever, acho que foi um desejo que veio com o tempo, ao ler outros autores. O Graciliano, que já falei, o Thomas Mann, o Mishima, o Huxley. Tem uma escritora que gosto muito, a Patricia Highsmith, autora de livros policiais, tem o Simenón. Gosto de ler muitas coisas diferentes — da alta literatura à literatura que não é considerada tão alta assim. Isso me alegra tanto, ler um bom livro, que tira de mim o querer escrever. Sempre foi assim — desde os 11 anos.

Coragem
Na viagem para a Alemanha, comecei a escrever cartas, histórias em quadrinhos, etc. Eu gostava muito de ler a Mafalda. Era meio um estilo Quino que eu fazia. Com 12, 13, 14 anos comecei a escrever contos. Mas não mostrava a ninguém. Era uma coisa que me causava medo, vergonha de mostrar. Aí fui fazer faculdade de Letras. Fundamos uma editora, eu e uns amigos. Um dos trabalhos da editora é receber originais, ler e avaliá-los. A maior parte que chega é ruim. Você não publica. Vi que a única coisa que precisava era de coragem. Era uma questão de covardia. Fazer um livro, você escreve um livro, manda para a editora e ela fala “não”, na pior das hipóteses— e é geralmente o que acontece com os primeiros escritos. Esse passo que eu tinha medo de dar. E você só sabe se tem talento ou não se começa a escrever. Em geral, também, o primeiro livro talvez não sejam bom, pode ser que o segundo seja, pode ser que nenhum seja. Você só vai saber se começar a escrever. Apesar de ter começado a escrever com 13 anos, só fui publicar meu primeiro livro com 40 anos. Foi um caminho longo até ter coragem.

Criação
Em cada trabalho funciona de uma maneira. No Azul e dura, tem muitos elementos autobiográficos. Eu queria muito falar da questão legal, de uma pessoa muito legalista, para quem a lei é uma coisa importante, nos detalhes pequenos — não avançar o sinal vermelho, não jogar papel no chão. E, de repente, ela comete uma infração grave. Como ela se viraria com isso? Então tive uma ideia e escrevi. Em Não falei, foi curioso porque é a história de um professor universitário de 60 anos que vai se aposentar e começa a se lembrar do passado. Aí a gente sabe que em 1970 ele foi preso e torturado pelos militares e que, um dia antes de ser solto, o cunhado dele, marido da irmã, é morto pelos militares. Então existe a desconfiança de ele ter ou não traído o cunhado. Quando comecei a escrever, não pensava em nada disso. Queria descrever essa geração que lutou contra a Ditadura — nos anos 1970, eu tinha 9 anos, era muito pequena, então queria falar dessa geração anterior a minha. Já em Antonio, que é o outro romance, foi uma frase que começou o livro: “Nós somos cinco, mas um morreu”. A ideia é de quando um irmão morre, ou quando um filho morre, você continua falar no tempo presente. Quando um pai teve cinco filhos e um deles morre, ele sempre vai falar assim: “Tenho cinco filhos, mas um morreu”. Dessa questão da morte no tempo presente saiu uma história muito longa, e que é um livro mais geracional, eu acho.

Memória
Meus três primeiros livros têm essa questão da memória, da lembrança. É sempre o narrador ou os narradores que estão se lembrando. Então tem essa coisa de, no presente, recompor uma história que aconteceu no passado, e sempre a questão de como a memória é enganosa. 

Pesquisa
Nos romances anteriores, não precisei pesquisar muito a respeito do tempo, porque eram tempos mais conhecidos meus. Em Não falei, que tem o tema da Ditadura, entrevistei algumas pessoas, mas procurei saber bem pouco mais do que eu sabia. Não muito. Até comprei livros, mas quando comecei a ler... Porque o cara que está lembrando, ele viveu aquilo tudo. Não pesquisou o período. Não tem o quadro inteiro, que nem a gente. Eu vivi os anos 1980. Tem um monte de coisa que eu não sei sobre os anos 1980, porque eu vivi o meu trechinho, da minha história — meu grupo, meus amigos, etc. Então, se eu fosse pesquisar os anos 1980 para escrever um personagem nesse período, poderia acabar ficando um ensaio, uma crônica, e não uma ficção. E no livro, eu queria que fosse a memória de uma pessoa falhando, sem saber algumas coisas, sem saber o conjunto — que é como a gente funciona mesmo. Acho que sempre tem um perigo quando nós, escritores, fazemos uma pesquisa e quereremos falar tudo o que descobrimos. Aí se torna um livro de História, e não uma história. É diferente.

A Anatomia do paraíso
Esse livro tem dois personagens jovens, um homem e uma mulher, cada um de 22 anos, que moram cada um num apartamento de 12 ou 15 metros quadrados, quitinetes, que têm quarto, cozinha e banheiro. O rapaz é o Félix, mora sozinho, é um cara de Minas e o prédio fica em Copacabana. O Félix está no Rio de Janeiro fazendo mestrado sobre o poema Paraíso perdido, do John Milton. A moça se chama Vanda, também é jovem e trouxe a irmã de 12 anos para morar com ela, porque achava que a mãe não tinha capacidade de cuidar. A história era para ser sobre o Félix, um rapaz apaixonado, que tinha uma vida intensa quando estava em contato com a literatura. O mundo, para ele, era o mundo que ele vivia ao ler. Um mundo muito intenso, tumultuado. Mas não pensei inicialmente em Paraíso perdido. Comecei pensando que seria uma história de leitura, de um leitor meio esquisito. Só que, na época, estava lendo Paraíso perdido e me impressionei muito. Estava tendo dificuldades, não estava entendendo bem, indo e voltando, indo e voltando. Então pensei que era com aquilo que queria trabalhar. Com o personagem tendo essa dificuldade, se deslumbrando, se aborrecendo. Paraíso perdido é um poema épico que trata da expulsão de Adão e Eva do paraíso. É um poema do século XVII, mas basicamente fala de amor — de homem e mulher, sexo, da relação de pai e filho. Então tinha que ter uma mulher, e apareceu a Vanda, que mudou tudo no livro. Esse romance foi mudando muito ao longo do tempo.

Influências
Os autores que admiro há mais tempo, que sigo admirando e sempre descubro coisas novas, que são Kafka e Borges, acho que não tenho nada a ver com eles. As minhas obras sempre têm muito drama — é meio que derramado, exagerado, com personagens demais. E uma característica é que se passam sempre em um determinado lugar e em um determinado tempo. Em geral, o lugar é muito importante para o que está sendo falado e entra como personagem também. Nesse sentido, o que eu faço talvez se aproxime mais da literatura do William Faulkner e da Natalia Ginzburg. Adoraria ter sido influenciada pelo Kafka e poder escrever no gênero dele. Mas não são coisas que você escolhe.

Leitura atual
Resolvi voltar a ler ficção brasileira. Já tinha lido muitos livros do Bernardo de Carvalho — aí li Simpatia pelo demônio, o mais recente — e adorei, achei um livro incrível. Gostei muito mesmo. Acabei de ler o Giovani Martins, O sol na cabeça. Achei que tem uns contos muito bonitos, e outros bacanas. Mas não acho que são geniais. Um ou dois são muito especiais, muito sutis, delicados. Há muitos que são meio crônicas, crônicas da vida na favela — o que é bacana, mas sei lá... O que me interessa mais é a ficção, uma coisa nova, uma experiência. E agora comecei a ler O pai da menina morta, do Tiago Ferro. Estou bem no comecinho, mas estou impressionada.

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Amizades
Tenho um grande amigo, o Nuno Ramos — é um amigo que admiro muito como escritor. Com ele converso bastante. Os outros escritores em geral encontro em eventos de literatura, essas coisas. Não tenho amizade. Não é por nada, mas a minha vida é uma e a deles, outra. Sempre que a gente se encontra é muito bom, mas não tenho um grupo, vamos dizer assim.

Geração 90
É difícil, hoje em dia, ver grupos ou escolas. Em termos de idade, eu seria mais da idade do Rubens Figueiredo, do Bernardo Carvalho. Eu seria mais geração 80, apesar de ter começado a publicar só em 2000. Alguns autores da chamada Geração 90 fazem uma ficção com um realismo mais chocante, de violência. Acho que tenho uma prosa mais intimista, com uma coisa política forte também. Não sei. Diria que sou independente, mas quase todo mundo é independente, então é uma palavra que não tem muito cabimento.

Cinema
Na verdade, meu contato com a produção artística começou com o cinema. Quando tinha 16 anos, estudava no terceiro colegial, ficava perto de um lugar onde o Sérgio Bianchi estava gravando o primeiro filme dele. Comecei a ir lá e ficava vendo as filmagens, tudo muito aberto, muito livre. Naquela época, o cinema era underground e ninguém recebia nada, então as pessoas às vezes tinham que sair porque arrumavam trabalho para ganhar dinheiro. E nessas eu acabei virando continuísta, porque a pessoa que fazia a continuidade teve que sair. Depois, passei a ser assistente de montagem. Acabei fazendo vestibular para cinema e não passei. Aí tive filhos e mudou tudo. Resolvi que Letras era mais a minha área do que o cinema. Mas a minha relação com o cinema, com o grupo, com as pessoas da área, também é uma coisa muito específica.

Linguagem
Em geral, acho que a linguagem de todos os meus livros é muito próxima do coloquial. Mas é o coloquial de cada um dos personagens. Em Antonio, por exemplo, são três que falam. Procuro muito o vocabulário específico, então é uma coloquialidade muito pensada, estudada, pouco espontânea. Mas as pessoas que leem falam que parece fácil. Tem uma história engraçada, a respeito disso. Antes de eu começar a escrever, passei por um ano muito duro da minha vida, em que eu bebia muito — isso passou a ser um problema, que depois acabei resolvendo. Anos depois, comecei a escrever. Mas eu sei muito bem o que é o alcoolismo. No livro Azul e dura, tem um capítulo em que a narradora escreve bêbada. Eu dei para algumas pessoas lerem e uma delas disse que o livro era mais ou menos e citou esse capítulo com a narradora bêbada, dizendo que às vezes ele também escrevia bêbado. Achei engraçado, porque eu não tinha escrito bêbada. Eu nunca bebo quando estou escrevendo. Então eu deveria receber isso como um elogio, porque pareceu mesmo que a autora estava bêbada. Mas fiquei um pouco ofendida ao mesmo tempo. Se uma personagem está escrevendo bêbada, então penso bastante para fazer parecer que ela está assim. Quando dá certo, a pessoa não vê que teve esforço... 

Novos projetos
Quero escrever algo ligado à Guerra do Paraguai, porque li algumas coisas que me impressionaram muito. Já li uns 20 livros sobre o assunto, diários, depoimentos, e estou relendo e fichando tudo. Porque não é uma questão de iluminação, mas o que quero contar, que voz vai contar isso. Onde está a coisa que está me emocionando aqui? Que está me pegando? Há histórias muito impressionantes, eu tento escrever essas histórias através de um soldado, ou como forma de diário, carta, e nada está dando certo. Não é tanto um bloqueio em que não tenho ideia de nada. Tenho ideias, mas elas não acontecem. Faz quase três anos. Estou começando a achar que é melhor escrever outra coisa, abandonar isso. Quem sabe depois volte. Talvez esteja insistindo numa coisa que não vai dar certo. Mas parece que, quanto mais não consigo avançar, mais eu quero.