Cultura do Paraná em revista
Batizada em homenagem à poeta Helena
Kolody, nova publicação da Secretaria da
Cultura combina arte, história, geografia,
literatura e gastronomia
Omar Godoy
Uma revista cultural que debate temas paranaenses, para levar o leitor à reflexão e à ação. É o que propõe o editorial de Helena, publicação trimestral idealizada pela Secretaria de Estado da Cultura cujo número zero já circula por todo o Paraná. Com tiragem de cinco mil exemplares e distribuição gratuita, a edição de estreia disseca o universo da personalidade que batiza o projeto: a poeta cruzmachadense Helena Kolody (1912-2004).
Ao longo de 116 páginas, mais de 30 jornalistas, escritores, fotógrafos e artistas abordam a trajetória poética, pessoal e geográfica da homenageada, que se confunde com a história do Paraná no último século. Também há espaço para um inventário sobre a influência grega no Estado, fruto de uma livre associação entre o nome da poeta e a cultura helênica. O time de colaboradores, multidisciplinar, chama a atenção pela experiência: Paulo Venturelli, Eloi Zanetti, Ulisses Iarochinksi, Carlos Alberto Pessôa, Adélia Maria Lopes, Edson Bueno e Marta Morais da Costa, entre outros.
O responsável por reunir essa equipe é o escritor e publicitário Ernani Buchmann, criador e consultor editorial da empreitada. Foi ele que, no início de 2011, procurou o secretário estadual da Cultura, Paulino Viapiana, para propor a publicação de um jornal ou revista cultural que fosse além dos meios acadêmico e literário. “Desde o começo, deixei bem claro que o projeto deveria ter o tom mais informal do jornalismo, para alcançar um número maior de pessoas”, explica Buchmann.
Quanto ao título, ele conta que a ideia era seguir a tradição paranaense de batizar veículos com nomes de pessoas (como Joaquim, Nicolau e, mais recentemente, o próprio Cândido). “Como o Paulino preferiu produzir uma revista em vez de um jornal, e revista é um substantivo feminino, o nome Helena surgiu naturalmente.”
O tema do próximo número da Helena é, nas palavras do consultor editorial, a “civilização do Norte do Paraná”. “Vamos contar a saga das pessoas que colonizaram aquela região. São experiências épicas que o Brasil, e boa parte dos paranaenses, simplesmente não conhece”, afirma.
Número zero
Helena Kolody é o fio condutor do número de estreia da revista, que aborda momentos históricos do Paraná nos últimos 100 anos e aspectos da cultura helênica. O historiador Arnoldo Monteiro Bach, por exemplo, escreve sobre as embarcações a vapor que ainda navegavam pelo Rio Iguaçu quando a poeta era criança. Carlos Roberto Antunes do Santos, ex-reitor da UFPR e autor de História da alimentação no Paraná, fala sobre o charque cozido durante essas viagens.
Eduardo Rocha Virmond, presidente da Academia Paranaense de Letras, traça um perfil poético e afetivo de Helena Kolody, enquanto a poeta Adélia Maria Woellner apresenta uma minibiografia da homenageada. O escritor e professor Paulo Venturelli analisa a linguagem utilizada por Kolody. A jornalista Adélia Maria Lopes propõe um diálogo entre a revista e os jornais Joaquim e Nicolau. Já o cinéfilo Cláudio Lacerda lembra dos filmes gregos exibidos nos antigos cinemas de rua de Curitiba.
Luiz Claudio Oliveira, jornalista e escritor, cita exemplos da relação entre música e literatura. Marta Morais da Costa, professora e ensaísta, destaca a encenação de clássicos da dramaturgia grega na capital durante os anos 60. Manoel Coelho, arquiteto e urbanista, examina a influência das construções gregas em alguns projetos arquitetônicos curitibanos.
Há, ainda, ensaios fotográficos de Nego Miranda e Kraw Pennas e o resgate de textos de figuras históricas do Estado, como David Carneiro (1904 – 1990), Alvir Riesemberg (1907 – 1975) e Bento Munhoz da Rocha Netto (1905 – 1973). Entre os designers que desenvolveram o projeto gráfico da revista está Rita Soliéri Brandt, conhecida por seu trabalho no jornal Nicolau.
A Helena é distribuída em bibliotecas públicas e espaços culturais públicos e privados. Também está disponível no site www.cultura.pr.gov.br e, em breve, terá uma versão para tablets.