Caixa-estante

Livros itinerantes
caixa


Com o objetivo de incutir o hábito de leitura em diferentes públicos, a Biblioteca Pública do Paraná tem mais de 100 caixas-estantes circulando pelos mais diversos lugares, de clínicas de fisioterapia a presídios

Felipe Kryminice


Seguindo o exemplo de outras divisões de extensão de bibliotecas espalhadas pelo Brasil, que desenvolvem projetos itinerantes, como barcos-bibliotecas, para chegar a lugares isolados e comunidades rurais distantes, a Divisão de Extensão encaminha caixas-estantes para as mais diversas instituições de Curitiba e Região Metropolitana. São mais 25 mil títulos que se revezam em aproximadamente 130 caixas, que comportam de 80 a 100 livros cada.

O projeto é desenvolvido há décadas, mas recentemente passou a ter outro foco, segundo Maria Marta Sienna, chefe da Divisão de Extensão da BPP. “Antigamente, a procura maior era por parte de Bibliotecas e Escolas Municipais e Estaduais, que não contavam com esse tipo de material. Com o crescimento e o desenvolvimento da estrutura dessas instituições, elas passaram a ter o seu próprio acervo. Então passamos a direcionar essa iniciativa mais para empresas e outros espaços que não tinham acesso a esse tipo de material.”

Ainda segundo Marta, por conta dessa mudança de foco, o acervo e a composição das caixas passaram a ser repensados. Se antes o conteúdo das caixas era feito basicamente de livros didáticos, agora a maioria do material enviado é composto por livros de literatura. No acervo, encontram-se clássicos e obras de autores contemporâneos, literatura nacional e estrangeira.

Na lista de espaços que recebem o material, há desde clínicas de fisioterapia a penitenciárias. Marta acredita que o importante não é a instituição ou a sua natureza, mas sim oferecer esse serviço ao trabalhador que não tem tempo de ir à biblioteca, oportunizando o acesso a uma leitura de qualidade no seu ambiente de trabalho. Outro objetivo do projeto é servir de estímulo para que as empresas criem seus próprios acervos.

motorista
A depender de Elaine Fregonesi, a caixa-estante já deu certo. Em 2010, Elaine foi a responsável por levar o projeto para dentro da empresa de transportes em que trabalha. Desde então, o interesse dos funcionários só cresceu, fazendo com que a diretoria da empresa realizasse uma aquisição significativa de livros para a criação de um acervo local.

“Aqui na empresa, nós temos um grupo assíduo de leitores. Inclusive há funcionários que indicam alguns livros. Muitos motoristas passaram a cultivar o hábito da leitura a partir dessa iniciativa”, conta Elaine.

Um dos funcionários que fazem parte desse time de leitores é Luiz Haroldo Costa. O motorista é o leitor mais assíduo do acervo da empresa. “Já frequentava a Biblioteca Pública do Paraná há anos. Agora, com a caixa-estante aqui no ambiente de trabalho, fica bem mais prático para pegar os livros”, diz Costa.

Fã de autoajuda, o motorista conta que a leitura é sua atividade preferida para preencher o tempo vago entre as viagens. Com bom humor, ele ainda brinca com sua bagagem de leituras: “Acho que nesses últimos três anos eu já li quase cem livros. Qualquer dia, de tanto ler, acabo virando escritor.”