Editorial - Cândido 64

Silviano Santiago está na capa do Cândido 64, recriado por Miguel Nicolau. O escritor, professor universitário e intelectual mineiro radicado no Rio de Janeiro completou 80 anos em setembro deste ano e, para celebrar a data, a Biblioteca Pública do Paraná o convidou para participar de uma edição do projeto “Um Escritor na Biblioteca”. Os principais momentos da conversa, mediada pelo jornalista e escritor Luís Henrique Pellanda, estão publicados nas páginas desta edição. 

Santiago falou, entre tantos assuntos, sobre a sua relação com bibliotecas e livros, comentou detalhes de Mil rosas roubadas, romance de sua autoria que venceu ano passado o Prêmio Oceanos, e também descreveu características de Machado, a sua nova longa narrativa ficcional, a respeito dos últimos quatro anos de vida do autor de Dom Casmurro. Ele ainda disse que, enquanto escrevia Machado, produziu um ensaio a respeito de Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa — conteúdo inédito. 

O especial Silviano Santiago conta com um ensaio, de autoria do escritor e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Wander Melo Miranda. Ele explica de que maneira Santiago conectou teoria e imaginação para realizar uma obra literária múltipla, na qual a variedade de temas e gêneros — do ensaio à memória — permite formas variadas, e complexas, de leitura: “Os textos de Santiago — não importa a inflexão predominante que cada um possa ter — insistem na configuração de uma escrita em que as culturas se reconhecem por meio de suas projeções de alteridade, já atravessadas pelos efeitos de globalização.” 

Novembro é o mês em que se comemora o centenário de nascimento de Walter Campos de Carvalho [foto], escritor conhecido pelas suas quatro ousadas novelas: A lua vem da Ásia (1956), Vaca de nariz sutil (1961), A chuva imóvel (1963) e O púcaro búlgaro (1964). Uma ampla reportagem recupera a trajetória ficcional do autor (1916-1998), destacando, a partir de entrevistas com estudiosos, os principais aspectos do legado de Carvalho (foto). Durante novembro, a Autêntica começa a republicar os livros do autor, a começar por A lua vem da Ásia, lançado originalmente há 60 anos. A edição também traz, entre os seus destaques, um texto memorialístico de Reinowldo Atem a respeito de um episódio que ele viveu ao lado de Wilson Rio Apa (1925-2016), escritor e agitador cultural recentemente falecido. O escritor e editor Carlos Eduardo de Magalhães narra, em um ensaio que flerta com a ficção, como e de que maneira podem surgir obras de arte, inclusive textos literários. 

Helena Chagas apresenta a coleção de livros do jornalista e cinéfilo Marden Machado na seção Na Biblioteca e, entre os inéditos, conto de Luiz Bras e um trecho de Dupla exposição, que alia texto de Paloma Vidal e fotos de Elisa Pessoa — o livro está previsto para ser publicado pela Rocco ainda em novembro. 

Boa leitura!