Um Escritor na Biblioteca: Luiz Vilela

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Luiz Vilela é um dos raros casos de escritor que já nasceu “pronto”. Desde sua estreia, aos 24 anos, com o livro de contos Tremor de terra, o escritor mineiro demonstrava um domínio literário pouco comum para estreantes. Desde então, o autor só fez apurar o domínio técnico demonstrado nos primeiros livros, tornando-se reconhecidamente um mestre do diálogo. Além da arrebatadora estreia com Tremor de terra, coletâneas de histórias curtas como No bar, O fim de tudo e A cabeça, fizeram de Vilela um dos maiores contistas da literatura contemporânea. Também romancista, o mineiro é autor do controverso O inferno é aqui mesmo, sobre sua experiência como repórter no Jornal da Tarde, em São Paulo. No bate-papo mediado pelo também escritor Miguel Sanches Neto, Vilela falou sobre suas primeiras tentativas de fazer ficção, sua estreia aos 14 anos como contista em um jornal de sua cidade natal, Ituiutaba (MG), e de suas principais influências — Dalton Trevisan e Ernest Hemingway.

Nascido em 1942, Vilela se formou em filosofia e integrou uma geração de escritores mineiros fantástica, que orbitava em torno da figura icônica de Murilo Rubião. Em Belo Horizonte, fundou a revista Estória. “Nessa época, foi criado o Suplemento Literário de Minas Gerais, que foi uma criação de Rubião. Frequentávamos sempre o Suplemento, convivíamos muito com escritores de gerações mais antigas”, disse o escritor, que também falou sobre o processo de escrita de seu mais recente romance, Perdição. “Comecei a escrever e fui me empolgando com o conto. E aí aquele conto foi crescendo. Então, comecei a estender, bem parecido com uma árvore: aquele galho virou aquela árvore frondosa de quase 400 páginas que é o livro.” Confira os melhores momentos do bate-papo.

Primeiras bibliotecas


Essa [primeira] biblioteca, para a minha felicidade, eu tive em casa, porque tanto meu pai como minha mãe gostavam muito de ler e, além disso, eu e meus irmãos, também gostávamos muito de ler. Todos tinham sua estante de livros. Minha vontade de ler era tanta, que aprendi a ler sozinho. Quando entrei na escola, já sabia ler. Então essa foi minha biblioteca. Bem variada, até mesmo porque cada uma dessas pessoas — mãe, pai, irmãos — tinha interesses particulares de leitura. Então, isso tudo para mim foi muito importante, porque desde de muito cedo tive contato com o mundo dos livros e com tudo que os livros significam, em tempo de formação, de prazer de ler. Mas, biblioteca no sentido de biblioteca fora de casa, só fui ter quando morei em Belo Horizonte. Lá, frequentava muito a Biblioteca Pública. Também havia uma biblioteca muito boa, da Universidade Federal de Minas Gerais [UFMG], que ficava fora da universidade. Mas, enfim, para resumir: onde houvesse livros, lá estava Luiz Vilela.

Escrita

Foi uma coisa espontânea. Essa pergunta sempre ocorre [como você começou a escrever]. Costumo dizer que, depois de ler tantas histórias, as mais variadas, já adolescente, um belo dia me deu vontade de escrever as minhas histórias. É aquela coisa que não tem uma explicação, muito lógica: se é tão gostoso ler, com será escrever? Claro que não me formulei essa pergunta, mas foi um pouco isso. Contaminado, digamos assim, por aquelas histórias, me deu vontade de escrever também. Isso aos 13 anos. Fiquei tão empolgado com aquilo, que continuei escrevendo, escrevendo e não parei nunca mais. Costumo dizer que não tirei férias da literatura dos 13 anos até agora, os 69 anos. Nunca parei de escrever.

Voz própria

E é claro que há todo um processo: você começa a escrever e comparar o que escreveu ao que leu. Se aquela história era tão boa, como será a minha? Dai você começa a perceber que não é tão boa, que falta isso, faltava aquilo, daí vem aquele aprendizado do escritor. É um processo que talvez ocorre com todo escritor, acho que talvez com todo artista. No começo, tenta-se imitar os autores preferidos, você começa a escrever mais como eles. Depois, com o tempo, vai-se descobrindo sua própria voz. Mas, claro, esse processo é demorado.

Primeiras histórias

Às vezes, penso comigo mesmo: por que comecei a escrever? Ligo isso também à questão da minha infância, porque eu brincava muito com uns bonequinhos. Acho que todo menino brincou com essas coisas. Mas, no meu caso, eu criava um mundo, fazia uma cidade, tentava reproduzir filmes que via no cinema da minha cidade. As histórias em quadrinho, lia pilhas de histórias em quadrinhos. Assim que a adolescência foi chegando, naturalmente fui deixando aqueles brinquedos, e a literatura foi, de certa forma, o substituto dessas brincadeiras. Costumo dizer ai
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nda que a literatura é minha brincadeira de adulto.

Estreia


Comecei aos 14 anos, publicando contos nos jornais da minha cidade. Meus professores sempre elogiavam as minhas redações, que na verdade não eram redações, eram contos que eu escrevia na sala de aula. E com esse entusiasmo, fui percebendo que meus textos tinham uma resposta. Então, me aventurei a publicar no jornal da minha cidade. Curiosamente, levei um conto lá, com 14 anos. Na época, era o jornal melhor da cidade. O editor leu e publicou. Aí já me senti autor publicado. Então, como já disse, não parei de mais de escrever.

Primeiras influências


Quando publiquei meu primeiro livro, Tremor de terra, e ganhei, junto com o Dalton Trevisan, o Concurso Nacional de Contos, fizeram uma longa entrevista comigo em Belo Horizonte, e surgiu aquela clássica pergunta: quais foram suas influências? Aí, em respostas curtinhas, que eu costumo dar até hoje nas minhas entrevistas, eu disse: um autor brasileiro, Dalton Trevisan; um autor estrangeiro, Hemingway.

Belo Horizonte

Quando fui a BH, com 15 anos, passei a mandar semanalmente uma crônica para outro jornal da minha cidade. Depois, passei a publicar em jornal lá em BH. Daí comecei a conhecer os novos, outros jovens que também escreviam. Na falta de lugar para publicar, nos reunimos e criamos uma revista, tudo pago do nosso bolso, também uma coisa que ocorre muito na literatura. Daí fui nessa trajetória até nos meus 21, 22 anos. Quando veio a vontade de publicar meu livro, eu já tinha muitos contos escritos, alguns já publicados. Reuni-os em dois livros na época. Peguei o primeiro deles, que estava com mais vontade de publicar, e mandei para editora, que mandou uma carta de recusa. Tive várias recusas. Então resolvi que, enquanto meu livro corria entre as editoras, publicaria, por conta própria, o outro material que estava comigo. Na época, procurei a gráfica mais barata que havia em BH, porque trabalhava na época como secretário no departamento de filosofia, tinha recentemente me formado. Procurei uma gráfica que se chamava grafiquinha — com g minúsculo ainda. Publiquei e poucos dias antes do livro ficar pronto, fiquei sabendo de um concurso que ia ocorrer em Brasília. Fui lá e pedi para moça imprimir correndo cinco exemplares para enviar ao concurso. Ela imprimiu lá, mandei e ganhei o Prêmio Nacional de Ficção, que na época era o maior prêmio literário do Brasil.

Geração fantástica

Os anos 1960 e 1970 realmente foram uma época muito marcante. Agora, essas coisas têm certos fatores casuais, mas o fato é que, na época, pelo próprio tamanho da cidade, BH era ainda uma cidade menor, havia muito encontro entre escritores, nos botecos. Nessa época, foi criado o Suplemento Literário de Minas Gerais, que foi uma criação do Murilo Rubião. Frequentávamos sempre o Suplemento, convivíamos muito com escritores de gerações mais antigas. Diferente do que costuma acontecer, em que os mais jovens sempre tentam escorraçar a geração mais velha, com nós foi diferente. Tínhamos uma conivência muito boa com os mais velhos. Claro que tínhamos nossas briguinhas. Mas havia uma efervescência, várias revistas, além da nossa, que se chamava Estória. Para se ter uma ideia, essa revista que nós fizemos, chegou a ser considerada, por uma publicação americana, como a melhor revista do continente sul-americano. Então, isso pra nós foi sensacional.

Jornalismo

Como tantas coisas que nos acontecem na vida, o jornalismo não foi uma escolha. Na época, eu tinha acabado de me formar e, apesar de ter me formado no curso de filosofia, não tinha vontade de dar aula. Aí fui convidado para ser secretário do departamento de filosofia da antiga UMG, que agora é UFMG. Achei uma maravilha, não queria dar aula. Lembro que na época saiu a edição brasileira de Ulysses. Então, na minha mesa, de um lado estava Ulysses e do outro o Estatuto do Magistério, que era um texto chatíssimo. Mas, quando não tinha ninguém, abria Ulysses e, quando chegava algum professor, eu fechava e abria o Estatuto, que era discutido em várias reuniões. Fiquei três anos como secretário e acabei sendo demitido, por conta de contenção de despesas.

Jornal da Tarde

Na ocasião, surgiu o convite para eu ir para o Jornal da Tarde, em São Paulo — e, só para informar vocês, lá já
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estava assim de mineiros. Eles falavam que tinha o mineiro da semana. E eu fui por causa de alguns colegas que já estavam lá na redação. A justificativa para eu ser convidado — na época eu já tinha meu primeiro livro publicado —, é que meu texto era muito jornalistico. Fui, me dei bem, gostei muito.

Estados Unidos

Quando eu já era contratado do jornal, surgiu, então, um convite para eu ir aos Estados Unidos, em um programa que levava escritores do mundo inteiro e chamava International Writing Program. Claro, recebi o convite e não pensei duas vezes. Fui. Lá fiquei nove meses. Era um programa maravilhoso, aquela vida em que o escritor não tinha obrigação nenhuma, se quisesse escrever, podia escrever, mas também se não quisesse, não precisava escrever, nem bilhete. Poderia ficar dormindo o dia inteiro, enchendo a cara, se drogando. Muitos fizeram isso. Ou jogando sinuca, como eu. Foi uma experiencia muito importante pra mim, foi a primeira vez que saí do país, estava com 25 anos. Como escritor, aproveitei muito, porque tinha tempo e retomei um romance que eu tinha começado em BH.

O inferno é aqui mesmo

Tempos depois, escrevi O Inferno é aqui mesmo, que é baseado na minha experiência no Jornal da Tarde e em São Paulo. Esse livro me deu muita dor de cabeça, repercussão. Teve gente que quis mover processo contra mim. Um crítico literário publicou um artigo de quase uma página, no Jornal da Tarde, cujo título era “Este não é um romance, é uma vingança pessoal cheia de chavões”. Na página inteira, para meter o pau no meu livro, ele falava em Marlon Brando, em Mozart, falava em Truman Capote, Henry James e por aí vai. Poxa, nunca vi um cara malhar tanto um livro meu com tantas boas figuras. Foi sensacional. Quase gostei do artigo dele. Mas o mais interessante de tudo era ilustração que acompanhava o artigo. Era uma pessoa passando pelo rolo da máquina de escrever, como em desenho animado quando o pessoal passa em baixo da porta, achatado. Então, tinha o rolo da máquina achatando o cara, como se eu tivesse achatado todo mundo do jornal. E não foi assim. Eu explicava que não tinha sido isso, muito pelo contrário: tinha e tenho ótimas lembranças do jornal, convivia muito bem com todo mundo. Mas eu mostrei a realidade. Sabe-se que onde há um grupo de pessoas, há competição, não fica todo mundo fazendo gracinha e rezando, não, o negócio é bravo. E eu retratei isso.

Incompreensão


As pessoas achavam que o título se referia ao Jornal da Tarde. Não. O inferno é a cidade de São Paulo. Se a pessoa ler com atenção o livro, vai ver que o inferno a que me refiro, em quase termos simbólicos, é o inferno da condição humana, do relacionamento das pessoas, da solidão, da falta de amor, é tudo isso que está lá no livro. Mas a pessoa, com aquela leitura rápida, ou mesmo antes de ler, já tem uma opinião a respeito do livro. Isso aconteceu também com meu primeiro romance, Os novos, porque também retratei, como o Miguel Sanches Neto contou aí pra vocês, a minha geração, mas em termos ficcionais. Os novos também me deu muita dor de cabeça, porque essa geração não gostou de se ver como modelo do que estava no livro, dos personagens que estavam ali.

Críticas negativas

Desde o início, recebi poucas críticas negativas, mas recebi algumas pesadas, como essa que acabei de contar pra vocês. Mas quando recebi as primeiras críticas, alguém lá em BH me disse, fato que nunca pude comprovar, que o Guimarães Rosa tinha uma caderneta em que anotava as críticas. As negativas, ele colava de cabeça para baixo. Se é verdade, não sei. Mas fiquei tão entusiasmado com isso, que fiquei pensando em fazer algo semelhante, mas fui mais radical: pensei em comprar um rolo de papel higiênico, mas achei que não valia a pena e acabei usando o papel para outras coisas mesmo.

Voz própria


Isso, de voz própria, talvez seja uma coisa que os outros percebam, até porque eu, digamos, nunca parei par pensar sobre isso. Fui escrevendo, escrevendo, escrevendo e é isso. Acho que isso foi surgindo naturalmente, progressivamente. É claro que, no começo, tinha consciência de que ali estava a influência de tal autor e isso me incomodava. Hoje noto que os meus primeiros contos, realmente tinham influência mais forte, digamos assim, de determinados autores, porque influência nós temos, todos temos e não há mal nenhum que haja influência. Até porque, não existe nenhum escritor que seja totalmente original. Porque nós, quando nascemos, temos toda a literatura que existe à disposição e fatalmente somos influenciados. E não há mal nenhum que sejamos influenciados.

Linguagem realista

A minha resposta, talvez um pouco atrevida, é que eu realmente não fico pensando sobre meu trabalho como escritor. Não sei responder sua pergunta, porque eu trabalho de uma maneira quase intuitiva, quer dizer, não fico voltado para minha obra, pensando no que já fiz. As coisas que me despertam vontade de escrever, escrevo. Se vocês pegarem meus primeiros contos e comparar com um conto de hoje, ou um romance, vão ver que há uma mesma linha de narração, de palavras, de textos, de construção. Não quer dizer que eu não trabalhe o meu texto, que eu não leia, que não tenho consciência das coisas que estão acontecendo ou aconteceram na literatura, mas não fico refletindo sobre meu próprio trabalho. Há autores que às vezes escrevem livros inteiros sobre o seu trabalho. Tem um caso clássico do autor mineiro Autran Dourado [morto em 30 de setembro de 2012], que escreveu Gaiola aberta. Jamais escreveria um livro desse tipo. Não quero ficar pensando no meu trabalho, quero escrever aquilo que desejar, seja o que for.

Perdição

Escrevi este livro ao longo de dez anos. Quando digo isso, não quero dizer que fiquei dez anos seguidos escrevendo o livro, até porque nesse período eu publiquei um outro livro e alguns contos esparsos e tal. Mas o romance deu muito trabalho e, mais uma vez, não tive um propósito declarado: vou escrever um livro sobre tal coisa. Isso foi surgindo naturalmente. Por volta do ano 2000 recebi um convite, como às vezes acontece, de uma editora que queria fazer uma antologia de contos baseados nos 12 apóstolos. O editor me disse que eu era o primeiro convidado e que, por conta disso, poderia escolher o apóstolo que quisesse. Então, escolhi São Pedro. Combinei com ele um prazo e, realmente, me pus ao trabalho. Comecei a escrever e fui me empolgando com o conto. Depois que terminei, fui reescrever. Processo bastante demorado. E aí aquele conto foi crescendo, crescendo e de vez em quando o editor me ligava: “E aí, Vilela, o conto tá pronto? O prazo já passou”. E eu: “Não, tá quase, tá ficando bacana, você vai ver”. E aí pensei: “É, isso aqui vai dar uma novela, porque não é conto mais, não”. Parti e disse: é, vai ser uma novela mesmo, mas fiquei quietinho. Daí o editor ligou, bronquiando: “Pô, o conto não ficou pronto, como é que é?” Eu falei: “Olha, infelizmente eu acho que não vai dar, não, viu? Até hoje eu não acabei esse conto”. Bem, aí no dia de terminar o livro, escrevi debaixo Novela, como às vezes a gente faz. Mas fui reler, fazer novas correções, todo aquele trabalho infinito, como costumo dizer. A novela foi crescendo, aparecendo novos personagens que eu não tinha pensado antes, outras histórias surgindo, uma puxando a outra. Dai falei: “Poxa, isso vai ser um romance”. Então comecei a estender, bem parecido com uma árvore: aquela árvore magrinha, que foi crescendo, de repente um galho para cá, um galho para lá e virou aquela árvore frondosa de quase 400 páginas que é o livro. Esse foi o processo.

Leituras de formação

A partir dos 14 anos, li tudo que poderia ler. Shakespeare, Tolstói, Balzac. Queria ler tudo, queria conhecer tudo. Sem falar nos autores próprios da minha época, Julio Verne, Conan Doyle, Karl Meier. Lia o que eu encontrava. Além disso, lia livros sobre história geral, lia filosofia, lia religião, uma coisa assim, onde eu visse uma coisa para ler, pegava e lia. Uma época, li no jornal que meu pai assinava, na época de Semana Santa, um sermão do Padre Vieira. Nunca tinha lido Padre Antônio Vieira. Fiquei tão entusiasmado, fui até meu pai e disse que tinha vontade de ler os outros sermões. Papai então comprou. Comecei a ler, mas, confesso, não terminei todos os sermões até hoje. Mas já foi muitas vezes meu propósito: ler de ponta a ponta os sermões de Vieira. Até hoje concordo plenamente com o Fernando Pessoa que, chamou o Vieira de um imperador da língua portuguesa. Mas, enfim, eu lia tudo, por gosto mesmo de ler.

Dalton Trevisan

Quando comecei a escrever, já tentava fazer uma leitura dos autores com olhos críticos. Nessa época tive, já em BH, uma grande descoberta, um autor chamado Dalton Trevisan. Lembro que quando li o Trevisan nos suplementos do Rio que eu comprava, no Diário de Notícias, e no “Suplemento Literário”, do jornal O Estado de S.Paulo, lia e pensava: poxa, esse cara escreve diferente de todo mundo que eu li até agora. E me pegou assim pra valer, então, alguns contos meus, do começo, tem muita influência do Dalton.

Método de escrita

Sou anárquico, escrevo qualquer hora. Gosto do silêncio, não gosto de escrever com barulho, não. Então, por esse motivo, prefiro escrever à noite. À noite que eu digo é depois da meia-noite, porque até a meia-noite, na minha cidade, é um barulho infernal. Porque hoje, lá em Ituiutaba, como tantas outras cidades do Brasil, tem muitos carros, motos, etc. Fora os carros de propaganda. Então, é barulheira o dia inteiro — e eu moro num lugar bem central.

Leitura dos contemporâneos

A essa altura do campeonato, cheguei à conclusão que, ou eu leio os livros dos outros, ou escrevo os meus próprios livros. Porque não há tempo mais. Recebo muita coisa em casa. Publicação hoje no Brasil é uma coisa impressionante. Todo dia aparece um contista, aparece um poeta, aparece um romancista. Então, não há como acompanhar mais isso. É difícil passar uma semana sem que eu receba um livro. Mas dou uma olhada. Curiosidade natural, saber o que o cara tá fazendo, mas dificilmente leio o livro inteiro. Já não tenho tempo para escrever os meus próprios livros.