Retrato de um artista | Lúcio Cardoso

Lucio Cardoso


Lúcio Cardoso nasceu em Curvelo, no dia 14 de agosto de 1912, e se radicou no Rio de Janeiro, onde iria desenvolver uma ficção, em um primeiro momento, identificada com o regionalismo. Em seguida, a sua obra demonstrou pontos de contato com a chamada vertente espiritualista da literatura brasileira, sobretudo pelo fato de os conflitos interiores dos personagens ocuparem parte significativa dos textos. Os dois primeiros romances do autor, Maleita (1934) e Salgueiro (1935), são obras relevantes, estudadas e lidas até hoje, mas foi com Crônica da casa assassinada (1958) que Cardoso carimbou o seu passaporte para a posteridade. Nessa longa narrativa, o autor apresenta uma família que se desmancha social e moralmente. Os personagens se revelam a partir de cartas, fragmentos de diários, confissões e depoimentos. Traduzida para o italiano, o francês e o inglês, Crônica da casa assassinada problematiza, com rara perícia, temas como adultério, incesto e insanidade. Clarice Lispector foi, entre as várias personalidades da cultura brasileira, uma admiradora do legado do escritor e, particularmente, Clarice também desenvolveu amor platônico por Cardoso que, em 1962, foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) e, a partir de então, abandonou a escrita e se dedicou à pintura. O escritor morreu em 1968, no Rio de Janeiro.

Cesar Marchesini é desenhista. De 1968 a 2008, foi diretor de arte em agências de publicidade, entre as quais JWT, CBBA, DPZ, FBA & LEVY e Umuarama. Nasceu e vive em Curitiba (PR).