Retrato de um artista | J. G. Ballard

texto


O autor inglês J.G. Ballard escreveu uma obra tão singular que seu nome virou adjetivo. O termo “ballardiano” costuma ser empregado para definir o fragmentado mundo pós-moderno. Ballard iniciou a carreira como escritor de ficção científica, mas logo deturpou as convenções que movem o subgênero literário ao escrever romances em que as catástrofes dão o tom, como nos livros The drought e O mundo de cristal. O salto de Ballard como escritor veio com The atrocity exhibition, um instigante catálogo experimental de atrocidades patológicas do capitalismo tardio. Mas é Crash — estranhos prazeres o maior êxito do escritor. Nele, Ballard emprega um discurso ainda mais radical sobre a psique humana, criando uma galeria de personagens atormentados por um fetichismo que relaciona sexo e acidentes de trânsito. Quando Ballard apresentou o romance para publicação, o editor teria se saído com essa: “No autor desse livro, nem psiquiatra dá jeito”. O que soou como elogio para Ballard. Em 1996, o romance ganhou uma adaptação cinematográfica memorável feita por David Cronenberg. A partir de 1990, o autor escreveu uma série de romances que subvertem a noção clássica de comunidade — Cocaine nights e O reino do amanhã, entre outros. J.G. Ballard faleceu em 2009, em Londres.

Heitor Yida é ilustrador e artista gráfico. Vive em São Paulo (SP).