Poemas | Sérgio Viralobos
Acabou-se nosso tempo
Nessa vida
Não há mais o que fazer
Vamos deixar pra depois
Quem sabe não sou
Seu próximo par?
Te amo se bem me lembro
Isso se ressuscita
A dor e o prazer
Podemos renascer em dois
O pior já passou
Mas vai voltar
_________________________________________________
Te dei o pouco que não tive
Você aceitou por baixo do pano
Foi um amor em crise
Flor carnívora amando vegano
Voltou pra mim em rima livre
Reguei demais por engano
Orquídea que diva vive
Com uma gota de água por ano
_________________________________________________
Debaixo de chuva
Contra corrente de gente
Sob fogo cruzado
Apesar da agonia
Te amo mais um ano
Pela pelica da luva
Pelo ato inconsequente
Sobre o inexplicado
Prazer de ouvir: quem diria?
Te amo mais um ano
Ilustrações André Coelho
JOGO JOGADO
Vestir xadrez
Pra dama branca
Trocar a torre
Pelo peão
Mais uma vez
Quebrar a banca
De pôquer podre
Errando a mão
Melhor de três?
Sem esperança
Porque não soube
Pedir perdão
Quando falo do bom deus
Pensa que estou citando o demônio
Ela diz desprezar os filisteus
Ouço que me pediu pra santo antonio
Vivemos noites de são bartolomeus
Vemos chifre na cabeça de unicórnio
Esqueço seu nome, ela erra os meus
Extintor queimou nosso oxigênio
Sérgio Viralobos é compositor de importantes bandas de rock de Curitiba. Em parceria com poetas da cidade, escreveu, entre outros livros, Dois mais dois são três em um (1983), Perolas aos poukos (1988), Os catalépticos (1990), Eu, aliás, nós ( 1995) e Um fausto (1996). Também integrou as antologias Fantasma civil (2013, organizada por Ricado Corona), e 101 poetas paranaenses (2014, organizada por Ademir Demarchi para o selo Biblioteca Paraná). Em 2014, publicou Piada louca, seu primeiro livro solo. Viralobos vive em São Paulo (SP).