Poemas | Chacal
Ilustração Adriana Peliano
depois do verso metrificado, o verso livre.
depois do verso livre, o verso livre... da página.
falapalavra!
depois do verso livre,
o verso libérrimo
o verso mágica
o verso mímica
o verso mito
o verso música
magomagu informará!
O VERS0 LIBÉRRIMO
depois do verso metrificado e sua música preexistente
o verso livre, letra e música do poeta
depois do verso livre, limitado ainda à superfície plana da página
o verso libérrimo, em 3D ao vivo e a cores a todos os sentidos
o verso tem cheiro?
no verso libérrimo yes
ali se misturam sangue e suor do autor e do leitor
agora ouvinte vidente
o verso libérrimo pinta borda fede cheira
o verso libérrimo troca gases fluidos corporais
o poeta não fala mais pras paredes
no verso libérrimo, autor/leitor ouvinte/vidente
são polos da mesma conversa
um completa a falha do outro
o verso libérrimo — mais que livre — incita à liberdade
olhar ouvir cheirar tocar falar com o corpo inteiro
conectado ao outro aos outros à vila à vida
verso libérrimo, gozai por nós!
Chacal (Ricardo de Carvalho) nasceu em 1951 no Rio de Janeiro (RJ), onde vive. É um dos expoentes da chamada “geração mimeógrafo”, movimento que chacoalhou a cultura brasileira durante a década de 1970. Autor, entre outros, dos livros Muito prazer, Ricardo (1971), Drops de Abril (1983), Posto nove (1998) e do recém-publicado Tudo (e mais um pouco), obra que reúne textos de seus 15 livros de poesia. Os poemas que o Cândido publica são inéditos.