Poemas | Celeste Ribeiro de Sousa

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Rosas

Floriram por engano
As rosas bravas
No inverno veio o
Vento desfolhá-las
O paraíso assim
Se fecha
Não dá pra ser
Distraído num
Universo de que se
Desconhecem as leis
Só a do Amor parece
Partículas congregar em
Novos corpos
Fundi-las refundi-las
Adaptação sobre adaptação
Reajuste constante ao
Destino insondável onde
Rosas só na mão do
Jardineiro
Perfume exalam

Panteísta

Jardineira
Quero ser
Sou diante da
Gardênia
Pétalas brancas em
Rosácea
Entro pela
Porta em
Olho
Solene
Deslizo pela
Nave
Raiada de
Sol diante do
Altar me
Dobro em
Prece ao
Universo que me
Escuta por entre as
Flores
Rumores de outros
Mundos em
Comunicação
Eu
Elemento de
Conexão.

No parque

Saí para o parque de
Óculos high tech
Senti em detalhe
Clichês inventados
Topoi encantados
Saguis em flor
Bananas em cacho a
Fazer amor
Formigas uivando por
Causa da dor
Sentada no banco
Serena quedei
Gorjeios edênicos no
Meio da cidade
Borboletas pulando
Em musculação
Ratos do banhado
Minhocas gigantes na
Terra afofada
Agulhas de sol
Espetando as folhas
Brisa refrescante a
Limpar a pele
Sentada no banco
Serena fiquei
Voltei para casa
Retirei os óculos
Tive uma tontura
Era já meidia
Dois artigos bons
Esperando parecer
Que linguageméesta
Que tenho que ler

Celeste Ribeiro de Sousa nasceu em Portugal, em 1948. Formou-se na Universidade de São Paulo (USP), onde trabalha como professora de Língua e Literatura Alemã. Vive em São Paulo (SP).