Poema | Celeste Ribeiro de Sousa

Teia

Teias de aranha
Linhas ardilosamente
Bordadas de orvalho ao
Sol em cristais
Palavras corridas em
Filas geométricas
Compondo poemas
Hexagonais
Fios nascidos na
Roca das parcas
Finíssima filigrana
Pensamentos trançados
Subordinados a um
Centro nuclear de onde
Tudo emana
Hodierna web
Tear de pensamentos
Tramados por Neit e Atena
Tecelãs tecem entretecem
Teias vivas
Fiandeiras cósmicas
Em nós
Maya fia fia o
Universo em
Tecido espelho
Norna trama vidas
E urde destinos na
Fonte de Urd
Mãe universal na
Tenda vermelha
Finca vertical o fuso na
Areia
Tece a esfera bordada
Que há dentro da
Teia.

    Ilustração: Índio San
2



CELESTE RIBEIRO DE SOUSA é professora sênior na Pós-Graduação (Literatura Alemã) da Universidade de São Paulo (USP). Publicou, entre outros, Retratos do Brasil (1996), Do cá e do lá (2004), Poéticas da violência (2008), Criação e conflito (2010), A construção da obra épica e outros ensaios de Alfred Döblin (2017).