Paraná define ações de incentivo à leitura para os próximos anos

Plano Estadual do Livro, Leitura e Literatura reúne políticas públicas que visam a democratização do acesso ao livro e a valorização da leitura

Felipe Kryminice


O Paraná acaba de concluir seu Plano Estadual do Livro, Leitura e Literatura (PELLL), que define os rumos das políticas públicas na difusão da leitura no Estado. Com isso, Paraná e Mato Grosso do Sul são os dois primeiros Estados brasileiros a concluírem seus Planos.

O Plano Estadual do Livro começou a ser elaborado em 2010 pela Secretaria de Estado da Cultura e da
PELL
Educação (Seec), mas não foi concluído. O governo atual retomou o Plano e a Seec, em parceria com a Biblioteca Pública do Paraná, o revisou, dando continuidade à proposta e acrescentando algumas diretrizes para a política estadual do livro e leitura no Paraná.

A BPP realizou três audiências públicas para apresentar a minuta do Plano, sendo duas no interior do Estado – em Foz do Iguaçu (11/08) e Maringá (16/08) – e uma em Curitiba (21/09).

Além da comissão de especialistas que redigiu o texto e das audiências realizadas com a população, o PELLL paranaense contou com a ajuda da pesquisa Retratos da Leitura no Paraná, realizada em maio de 2010 pela Paraná Pesquisas, em parceria com a Gazeta do Povo, a Posigraf e o ex-deputado federal Marcelo Almeida. A pesquisa entrevistou 2000 pessoas em todas as regiões do Estado e apresentou um panorama sobre pontos relacionados à leitura, como a motivação dos leitores, o acesso aos livros e as preferências literárias da população. Segundo a pesquisa, 62,3% dos entrevistados leram pelo menos um livro nos três meses anteriores à pesquisa. O estudo constatou que o Paraná tem índice de 8,53 livros por habitante/ano, incluindo livros didáticos e não didáticos. Portanto, o dobro da média apresentada na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, publicado pelo Instituto Pró-Livro (IPL), que revela que o brasileiro lê, em média, 4,7 livros por ano.

“O objetivo do Plano é transformar o Paraná em um Estado de leitores, desenvolvendo, para isso, diversas ações que visam democratizar o acesso ao livro, fomentar e valorizar a leitura e incentivar a produção literária paranaense, dinamizando a cadeia produtiva do livro”, diz Rogério Pereira, diretor da Biblioteca Pública do Paraná e um dos envolvidos na elaboração do Plano.

O PELLL, portanto, tem como meta reunir, organizar e garantir a continuidade dessas ações ao longo dos próximos anos. “O Plano, por si só, não vai garantir nada. Precisamos de ações concretas. Por isso é importante a participação da sociedade, que já se manifestou de forma participativa nas audiências públicas e tem demonstrado grande interesse nas propostas do projeto”, diz Paulino Viapiana, Secretário da Cultura do Estado do Paraná.

Seguindo as orientações do Plano Nacional do Livro e Leitura, o PELLL paranaense é orientado por quatro eixos principais: democratização do acesso ao livro, fomento à leitura e à formação de mediadores, valorização da leitura e comunicação e desenvolvimento da economia do livro.

Segundo Rogério Pereira, há uma preocupação em “descentralizar” a cultura do Paraná por meio do Plano. “Claro que os grandes centros, como Curitiba, Londrina e Maringá continuarão sendo assistidos, mas precisamos colocar em prática as ações no interior. E isso começará acontecer já em 2012, com as caravanas de leitura, que vão levar escritores ao interior do Estado.”

A próxima etapa no desenvolvimento do projeto é apresentá-lo à Assembleia Legislativa, para transformá-lo em lei: “É do nosso interesse que as próximas gestões do governo estadual tenham a mesma preocupação em difundir a leitura no Paraná, e para isso esperamos que até o começo do ano que vem esse projeto esteja vigorando”, explica Pereira.

Uma das novidades inseridas no Plano é o Prêmio Paraná de Literatura, que tem sua primeira edição prevista para 2012. Serão três categorias: Romance, Conto e Poesia. A premiação terá orçamento de R$ 200 mil. “Além desse prêmio, teremos fortalecimento de bibliotecas e do mercado editorial do Estado”, diz Pereira.