Estante beat

Folhas de relva

folhas
Homossexual, eremita e com uma aparência messiânica, Walt Whitman (1819-1892) é considerado o avô dos beats dada a ousadia e liberdade que imprimiu em sua obra. Isolado em uma cabana em Camden, no Estado de Nova Jersey, o poeta lutou na Guerra Civil Americana e teve metade de seu corpo paralisado devido a um ferimento adquirido em combate. Filho de pequenos fazendeiros, Whitman foi educado durante um período curto de seis anos. Antes de completar 30 anos, fez uma viagem pelos Estados Unidos em direção a Nova Orleans, onde assume o jornal Crescent. A viagem e a cidade, que décadas mais tarde seria berço do jazz, impressionam o poeta. Tal experiência existencialista de Whitman nesse período modifica profundamente suas concepções e prepara o espírito para voos literários mais altos. Apontado como precursor do verso livre, Whitman mesclou gíria e linguagem culta em seus poemas, além de trazer ao primeiro plano a figura do escritor: “Eu celebro a mim mesmo, /E o que eu assumo você vai assumir,/Pois cada átomo que pertence a mim pertence a você”, proclama em Folhas de relva. Whitman ampliou e revisou Folhas de relva por quase quarenta anos. A primeira edição do volume, de 1855, continha 12 poemas e foi publicada pelo próprio Whitman em uma tiragem minúscula. Em versos brancos e livres, sem rima nem métrica fixas, ele trata de diversos assuntos misturando o registro coloquial com erudito. O livro é uma ode à liberdade em um país à beira do esfacelamento diante da guerra. A recepção à obra, no entanto, não foi das melhores. “Bêbado”, “lunático” e “imbecil” foram alguns dos insultos que Whitman ouviu de jornalistas e escritores. O reconhecimento só viria com a intervenção de Raph Waldo Emerson, um dos principais pensadores americanos da segunda metade do século XIX. “A mais extraordinária peça de sagacidade e sabedoria que os Estados Unidos já produziram”. Vitimado por pneumunia, Whitman recolheuse à sua cabana em Camden, onde trabalhou na décima edição de Folhas de relva, que acabaria com 411 poemas, paulatinamente adicionados durante quase 40 anos de reescrita e modificações.Homossexual, eremita e com uma aparência messiânica, Walt Whitman (1819-1892) é considerado o avô dos beats dada a ousadia e liberdade que imprimiu em sua obra. Isolado em uma cabana em Camden, no Estado de Nova Jersey, o poeta lutou na Guerra Civil Americana e teve metade de seu corpo paralisado devido a um ferimento adquirido em combate. Filho de pequenos fazendeiros, Whitman foi educado durante um período curto de seis anos. Antes de completar 30 anos, fez uma viagem pelos Estados Unidos em direção a Nova Orleans, onde assume o jornal Crescent. A viagem e a cidade, que décadas mais tarde seria berço do jazz, impressionam o poeta. Tal experiência existencialista de Whitman nesse período modifica profundamente suas concepções e prepara o espírito para voos literários mais altos. Apontado como precursor do verso livre, Whitman mesclou gíria e linguagem culta em seus poemas, além de trazer ao primeiro plano a figura do escritor: “Eu celebro a mim mesmo, /E o que eu assumo você vai assumir,/Pois cada átomo que pertence a mim pertence a você”, proclama Folhas de relva CARTAS NA RUA em Folhas de relva. Whitman ampliou e revisou Folhas de relva por quase quarenta anos. A primeira edição do volume, de 1855, continha 12 poemas e foi publicada pelo próprio Whitman em uma tiragem minúscula. Em versos brancos e livres, sem rima nem métrica fixas, ele trata de diversos assuntos misturando o registro coloquial com erudito. O livro é uma ode à liberdade em um país à beira do esfacelamento diante da guerra. A recepção à obra, no entanto, não foi das melhores. “Bêbado”, “lunático” e “imbecil” foram alguns dos insultos que Whitman ouviu de jornalistas e escritores. O reconhecimento só viria com a intervenção de Raph Waldo Emerson, um dos principais pensadores americanos da segunda metade do século XIX. “A mais extraordinária peça de sagacidade e sabedoria que os Estados Unidos já produziram”. Vitimado por pneumunia, Whitman recolheuse à sua cabana em Camden, onde trabalhou na décima edição de Folhas de relva, que acabaria com 411 poemas, paulatinamente adicionados durante quase 40 anos de reescrita e modificações.

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Cartas na rua

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“I walk alone” poderia ser o mantra de Charles Bukowski. O escritor nunca gostou muito de andar em grupo, como era praxe entre os beatniks, mesmo assim, os temas, o estilo despojado, o coloquialismo e a prosa auto-fictícia que praticou o aproximaram, ainda que à revelia, da literatura concebida pela turma de Kerouac. Apesar de conhecido no Brasil por seus contos, um de seus livros mais aclamados é o romance Cartas na rua (Post office). Escrito a partir da experiência de Bukowski como funcionário dos correios, o livro é narrado, em tom hilário e melancólico, por Henry Chinaski, alter ego de Bukowski. Com um jeitão cru de narrar, o personagem descreve seu dia a dia modorrento em um trabalho massacrante, de onde emerge uma obra forte, calcada nas adversidades de uma vida ao rés do chão. Em capítulos curtos, Cartas na rua, além da rotina de trabalho de Chinaski, traz os temas que consagrariam Bukowski como um grande prosador, cujo estilo único passou a ser idolatrado por leitores no mundo todo. Os porres homéricos, os relacionamentos malfadados com mulheres de má índole e a terrível sensação de deslocamento que os personagens do autor sentem estão retratados de modo visceral no livro. Um fato pitoresco que permeia a carreira do escritor é que nos Estados Unidos Bukowski é muito mais conhecido por sua faceta de poeta, fato que gerou até um elogio, nos anos 1960, do francês Jean-Paul Sartre. No Brasil, no entanto, foram seus livros de contos que cativaram o leitor.

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Almoço nu

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Tão cultuado quanto seu parceiro de geração Jack Kerouac, William S. Burroughs deixou pelo menos dois clássicos cravados na história da literatura mundial, Junky e Almoço nu. Este último certamente figura como uma das obras mais usadas do século XX. Livro mais famoso do autor, Almoço nu é narrado a partir da técnica do cut up, espécie de colagem literária fragmentada e aparentemente aleatória. Burroughs foi influenciado pelo amigo Brian Gysin, artista que empregava a mesma técnica em seus trabalhos literários. Publicado em 1959, o romance foi imediatamente rotulado de obsceno. No entanto, sua fama se espalhou pela Europa e Estados Unidos, fazendo de Burroughs um ícone da geração beat. Na época, Burroughs já morava no “Beat Hotel”, um albergue dilapidado de Paris onde também viviam o fotógrafo Harold Chapman e os poetas Peter Orlovsky, Allen Ginsberg e Gregory Corso. Em Almoço nu, o leitor segue a narração do junkie William Lee, que assume vários pseudônimos. Sem aviso, há mudanças de cenário e Lee vai de uma espelunca urbana cheia de viciados para o coração de uma floresta tropical no intervalo de uma página. E, de repente, o personagem está em uma cidade fora de qualquer mapa, a Interzona.

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Pergunte ao pó

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O escritor Charles Bukowski escreveu que ao ler pela primeira vez Pergunte ao pó, sentiu que havia encontrado “ouro na lata de lixo”. A afirmação é bastante compreensível vindo de Bukowski. Afinal, John Fante parece ser o precursor da literatura sem rebuscamento, em que humor e sofrimento cabem no mesmo parágrafo, praticada pelo autor de Mulheres. Também Pergunte ao pó traz 200 páginas de uma narrativa intensa sobre as desventuras de Arturo Bandini, o célebre personagem de Fante que aparece em várias de suas narrativas, como Espere a primavera, Bandini, primeiro romance do escritor, lançado em 1938. Em Pergunte ao pó, Bandini é um aspirante a escritor que sonha com a glória literária. Sem trabalho e na iminência de ser despejado do local em que se hospeda, Bandini erra pelas ruas de Bunker Hill, em Los Angeles. Autor de um conto só, chamado “O cachorrinho riu”, o personagem não deixa, no entanto, que a maré de azar o desanime. Cheio de entusiasmo juvenil por ter sua história publicada em um periódico literário, está feliz por ser “um autor” publicado, ainda que suas obras completas caibam no bolso. Mas para Bandini, é como se fosse o autor de Quixote. Aliás, o auto-engano e a inocência de Bandini fazem lembrar o célebre personagem de Cervantes. A implacável realidade de pobreza que lhe persegue, no entanto, é amainada quando conhece uma garçonete local, Camilla Lopez. Os dois mantêm uma relação de amor e ódio que, aos poucos, faz Bandini descer aos domínios da loucura. Publicado no final dos anos 1930, Pergunte ao pó é considerado um precursor da literatura beat, dada a conjunção entre a liberdade narrativa e a vida errante de seu personagem principal.

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Mala na mão & asas pretas

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Este é o segundo volume da reedição do legado de Roberto Piva e reúne quatro livros que o autor publicou entre 1976 e 1983 que, de modo geral, mostram a visão de mundo e a linguagem do poeta. “Os poemas compõem uma franca e desassombrada celebração amorosa, em particular do amor do efebo”, diz, na introdução, o professor de Teoria Literária da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Alcir Pécora, o organizador das obras reunidas. E, de fato, o amor entre homens, tema dos beats, pauta muitos dos poemas que o leitor vai encontrar nessas páginas: “Garoto pornógrafo / antes que a Lua chegue / esta feijoada será uma batalha.” Pécora chama atenção para o fato de que, mais de o ato sexual pelo ato, nesses poemas “o poeta incorpora nos graus do êxtase amoroso-cognitivo a exigência do ato político da transgressão.” Claudio Willer, beatnik brasileiro e amigo de Piva, lembra que, entre características do legado beat, está essa sociedade mais aberta, a de 2014, a que todos nos deparamos hoje, nas ruas, esquinas e becos. Citando Ginsberg, Willer ressalta que a liberação sexual, em especial a liberação gay, “desempenhou um papel como catalisador da liberação da mulher e na liberação do negro.” Além disso, de acordo com Pécora, “encontra-se na poesia de Piva um movimento bem característico de rearranjo da distinção popular/erudito, problematizada no modernismo e mais ou menos diluída no pós-modernismo.” Como se vê, há motivos, até demais, para ler e reler esse libertário beatnik brasileiro chamado Roberto Piva (1937-2010).

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Um parque de diversões da cabeça

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Além de poeta consagrado, Lawrence Ferlinghetti teve papel fundamental no surgimento e disseminação do movimento beatnik, do qual fez parte. Ferlinghetti foi fundador da editora e livraria City Lights (em funcionamento até hoje), que lançou grande parte dos autores beat e mudou os rumos da literatura americana da década de 1950. Seu segundo livro, Um parque de diversões da cabeça (1958), figura como uma das principais realizações do movimento beat, ao lado de clássicos como On the road, de Jack Kerouac, e Uivo, o longo poema de Allen Ginsberg. A publicação de Uivo trouxe problemas para Ferlinghetti, que foi preso e acusado de obscenidade. O julgamento — favorável à editora — só trouxe mais publicidade para os autores beat e para a livraria. Assim como outros livros da literatura beat, Um parque de diversões da cabeça faz a fusão entre literatura e elementos do dia a dia, gíria das ruas, a vida simples e a evocação às artes. As artes plásticas e a literatura surgem por meio de referências a Dante, Goya, Chagall, Kafka, Yeats, Hemingway, figuras que compõem esse “parque de diversões da cabeça”. O título, extraído do livro Into the night life, de Henry Miller, segundo o próprio Ferlinghetti, é usado fora do contexto original, mas expressa o que ele sentia ao escrever os poemas, algo como um “circo da alma”. Esta “poesia andarilha”, como Ferlinghetti a definiu, tem muito de E. E. Cummings, Ezra Pound e Eliot, que se deixam sentir nos três grupos de poemas de Um parque. Na primeira parte, Ferlinghetti grita para o mundo os absurdos da cultura americana e denuncia a sociedade de massas. Já na segunda, “Mensagens orais”, encontramos discursos espontâneos concebidos para acompanhamento jazzístico. O fechamento se dá com “Retratos do mundo que se foi”, grupo de poemas selecionado do primeiro livro do autor, Pictures of the gone world, publicado em 1955 pela City Lights.

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Re-habitar, ensaios e poemas

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Gary Snyder é considerado um dos escritores mais importantes da contracultura norte-americana. E uma porta de entrada para a obra do autor é Re-habitar, ensaios e poemas — antologia organizada e traduzida pela escritora e professora da UFPR Luci Collin. “Traduzir a obra de Snyder, com acompanhamento do autor, foi uma das experiências mais intensas que tive, pela oportunidade de me aproximar de um artista e pensador extraordinário, de uma generosidade e uma profundidade indescritíveis”, conta Luci. Snyder, explica a intelectual e artista curitibana, é aquela voz incisiva e amorosa que fala sobre ecologia, sobre espiritualidade, sobre a valorização das culturas ameríndias, sobre o sentido de lugar, sobre a mente histórica e selvagem, sobre a busca pela simplicidade original. “Minha relação com a obra de Snyder sempre foi, desde o primeiro poema que li dele, visceral e definitiva. Ao conhecê-lo, de imediato decidi mergulhar em sua obra e estudá-la.” Luci escreveu uma dissertação de mestrado sobre a obra de Snyder. Ela lembra, ainda, que foi Snyder quem introduziu o zen-budismo no movimento beat, influenciando decisivamente a relação que o próprio Jack Kerouac teria com o pensamento oriental e com o budismo. “Lá se vão mais de vinte anos de amizade com o Gary que é para mim aquela fonte inesgotável de beleza e de integridade, que eu reverencio; também sou muito grata a ele pelos ensinamentos sobre o zen-budismo, prática que adotei desde que passei a conviver com a poesia deste poeta absoluto.”,

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Gasolina & Lady Vestal

gasolina

“Corso é um grande arremessador de palavras, primeiro signo desnudo de um poeta, mestre da ciência dos bocados enlouquecidos da linguagem.” A frase, de Allen Ginsberg, ajuda a ler e a perceber a poética de Gregory Corso, um dos beats mais badalados. O poeta, de fato, arremessava palavras. Com força e tiro certeiro. Basta conferir um fragmento de um poema, escolhido ao acaso, por exemplo, “Impressões mexicanas”: “Pela janela em movimento/ num relance vejo os burricos/ uma vendinha de Pepsi-Cola,/ um velho índio sentado/ sorrindo sem dentes em sua barraca.” O poema é quase uma fotografia. É mais que uma foto: é um retrato feito a partir de palavras que sugere e insinua uma cena forte da realidade no qual ele esteve inserido e que chega até nós, em 2014, com intensidade. Nova-iorquino, nascido em 1930, Corso cresceu em meio à pobreza, morou em orfanatos e reformatórios e, a partir dos 17 anos, percorreu as estradas norte-americanas. O desejo de se jogar na vida, seja pra onde for, e quais sejam as consequências, também aparece na obra de Corso: “Ontem à noite dirigi automóvel / sem saber dirigir / sem ter o meu carro / Eu corri e derrubei / pessoas que eu gosto / … a 160 pela cidade./ Parei em Hedgeville / e dormi no banco de trás / … excitado com minha vida nova.” Ginsberg, no texto de apresentação desta obra, recomenda: “Abra esse livro como se fosse uma caixa de brinquedos malucos, tenha nas mãos um refinamento de beleza extraído de uma atmosfera destrutiva. Essas combinações são imaginárias e puras, de acordo com o desejo individual (portanto universal) de Corso.”

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On the road

on the road

Se há uma “bíblia” beatnik, o livro máximo da geração, a obra existe, sim: trata-se de On the road, de Jack Kerouac, o rei dos beats. A primeira versão foi escrita, exatamente, de 2 a 22 de abril de 1951, em rolos de papel, de 36 metros de comprimento e 22 centímetros de largura, acoplados a uma máquina de datilografia. O livro rodou, circulou mesmo, antes de vir a ser publicado, em 1957, e foi submetido a tapas — expressão usada no meio editorial para se referir a revisões, modificações e ajustes (o que desmente toda e qualquer mitificação a respeito de uma suposta e caudalosa escrita direta do autor). A prosa livre, leve e solta de On the road fez história. O escritor e crítico literário Seymour Krim faz uma observação relevante a respeito da linguagem de Kerouac: “O estilo, como acontece a todos os escritores de real importância, não era um simples maneirismo superficial, mas antes a expressão suprema de um ponto de vista conquistado à base de muita luta que tomou corpo na linguagem do autor, no ritmo com que utilizava as palavras e na pontuação desenfreada que libertou o ímpeto de sua expressão.” A “bíblia” beat mostra Sal Paradise e Dean Moriarty, possíveis recriações literárias de Jack Kerouac e de seu amigo beat Neal Cassady, em busca de toda experiência que houvesse nessa vida nos Estados Unidos e México. A obra entrou no imaginário popular, figura em lista de melhores livros de todos os tempos, em diversos países, e, em 2013, ganhou uma adaptação cinematográfica, com direção de Walter Salles.

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Um estranho no ninho

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Mais conhecido pela adaptação cinematográfica, que ganhou cinco Oscars (incluindo as categorias de melhor diretor para Milos Forman e melhor ator para Jack Nicholson), Um estranho no ninho é o livro mais celebrado de Ken Kesey. A exemplo de William Burroughs, o autor norte-americano viveu a todo vapor, transformando suas experiências pessoais em literatura de grande qualidade. Mais identificado com o movimento hippie, o autor e sua obra comungam de alguns preceitos difundidos pelos escritores beats, como a liberdade existencial e o uso de drogas como catalisador da mente. E as drogas e problemas psicológicos estão no centro da trama de Um estranho no ninho. A obra é protagonizada por R. P. McMurphy, um preso que escapa da condenação fingindo-se de louco. A narrativa então relata os dias de McMurphy num hospício, onde enfrenta os desafios de uma instituição em que o medo impera sob o comando de uma sádica enfermeira. Aos poucos, McMurphy percebe que o hospício pode ser muito pior que a prisão, nesse novo universo cercado de pacientes inseguros, ansiosos e constantemente dopados. Pessoas que buscaram refúgio da sociedade no hospício. Um livro louco, mas muito real. O romance de Ken Kesey é inspirado em suas próprias experiências quando participou de pesquisas com drogas psicoativas no centro psiquiátrico do Menlo Park Veterans Hospital (Califórnia). O livro virou um clássico da contracultura que retrata os psicodélicos anos 1960.