Especial Capa: Clássicos

As dez apostas da crítica

Para realizar esta enquete, 15 especialistas foram indagados a listar 10 autores da literatura brasileira contemporânea que, a partir da produção atual, podem cravar seus nomes, em definitivo, na história da literatura nacional. Críticos, curadores e jornalistas de várias regiões do Brasil votaram. São eles: Álvaro Costa e Silva (jornalista), José Castello (crítico do jornal O Globo), Schneider Carpeggiani (editor do suplemento Pernambuco), Christian Schwartz (tradutor), Miguel Conde (curador da Flip), Rodrigo Gurgel (crítico literário), Bruno Zeni (jornalista), Carlos André Moreira (jornalista do Zero Hora), Caetano Galindo (tradutor), José Carlos Fernandes (jornalista da Gazeta do Povo), Ricardo Costa (Associate Partner da Feira do Livro de Frankfurt para América Latina), André Seffrin (crítico literário), Cassiano Elek Machado (repórter da Folha de S. Paulo), João Cezar de Castro Rocha (crítico literário) e Luís Augusto Fischer (crítico literário). A seguir, uma pequena biografia dos autores escolhidos pelos críticos.

 

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Paulo Henriques Britto

Poeta, prosador, professor universitário e tradutor, Paulo Henriques Britto venceu o prêmio Portugal Telecom de Literatura em 2004 com seu livro de poemas Macau. Também é contista, autor de Paraísos artificiais. Um dos tradutores mais requisitados e respeitados do mercado editorial, o autor verteu obras de vários autores importantes, entre os quais Philip Roth, Thomas Pynchon e William Faulkner. Em 1995, ganhou o prêmio da Fundação Biblioteca Nacional pela tradução de A mecânica das águas, de E. L. Doctorow. Seu mais recente livro de poemas é Formas do nada (2012).



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Cristovão Tezza
Catarinense, desde criança Cristovão Tezza vive em Curitiba, cidade em que ambientou diversos de seus livros. Publicando desde os anos 1990 em grandes editoras do país, é autor dos livros (1988), Uma noite em Curitiba (1995) e Um erro emocional (2010). Seu maior sucesso editorial, aclamado pela crítica e pelo público, é o romance O filho eterno (2007), que leva ao plano ficcional a história do autor com seu filho, portador de Síndrome de Down. O livro já alcançou 13 edições. O mais recente livro de Tezza é O espírito da prosa (2012).




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Michel Laub
Assim como vários prosadores gaúchos contemporâneos, Laub frequentou a oficina de criação literária de Luiz Antonio de Assis Brasil. Mas foi nas primeiras edições da revista Bravo! que o escritor chamou a atenção, ao produzir reportagens profundas e instigantes sobre literatura. Posteriormente, Laub — gaúcho de Porto Alegre, nascido em 1973 — também se revelou, livro após livro, um nome de respeito na ficção brasileira. Autor de cinco romances, entre eles Música anterior (2001) e O gato diz adeus (2009), conquistou definitivamente espaço, e respaldo crítico, no meio literário com Diário da queda (2011), que foi saudado como um romance que se alinha à melhor tradição da literatura de escritores de origem judaica, como Philip Roth e Moacyr Scliar. Em 2012, Laub estreou como colunista no jornal Folha de S.Paulo.


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Nelson de Oliveira

Publicando com regularidade desde o começo dos anos 1990, Oliveira já recebeu diversos prêmios por sua obra. Em 1995 seu livro Naquela época tínhamos um gato ganhou o Prêmio Casa de las Americas. Publicou os livros de contos Sólidos gozosos, solidões geométricas (2004) e Algum lugar em parte alguma (2005). No romance, escreveu, entre outros, Subsolo infinito (2000) e O oitavo dia da semana (2005). Em 2001 organizou a antologia Geração 90: Manuscritos de computador, reunindo prosadores brasileiros do final do século XX. Há alguns anos usa o pseudônimo Luiz Bras para assinar sua produção literária.


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Angelica Freitas

A autora gaúcha nasceu em 1973. Em 2007 fez sua estreia em livro com Rilke shake (poemas) e, em 2012, publicou Um útero é do tamanho de um punho (poemas) e Guadalupe, graphic novel em parceria com o quadrinista Odyr Bernardi. A condição da mulher no mundo contemporâneo está nas linhas e entrelinhas da produção desta autora que vive em Pelotas (RS), depois de várias experiências em pontos variados do planeta. A crítica costuma chamar atenção para o refinamento de sua linguagem, e também para o seu humor ácido.

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Milton Hatoum
Nasceu em Manaus, em 1952. Estudou arquitetura e ensinou literatura brasileira nas universidades do Amazonas e da Califórnia. Estreou na ficção com Relato de um certo Oriente (1989), que recebeu o prêmio Jabuti de melhor romance, assim como os seus livros seguintes: Dois irmãos (2000) e Cinzas do norte (2005). Hatoum também já foi agraciado com os prêmios APCA, Bravo! e Portugal Telecom. O autor foi traduzido para várias línguas e é publicado nos Estados Unidos e na Europa.



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Bernardo Carvalho

Nascido em 1960, no Rio de Janeiro, Carvalho é escritor e jornalista. Foi editor do suplemento de ensaios Folhetim e correspondente, em Paris e em Nova York, da Folha de S. Paulo. Fez sua estreia na ficção com a coletânea de contos Aberração (1993). Publicou ainda os romances Nove noites (2002), Mongólia (2003) e O sol se põe em São Paulo (2007). Com uma prosa simples, mas que propõe construções labirínticas, o romance Nove noites daria as bases para a ficção que o autor faria no futuro. Seu mais recente livro é O filho da mãe, resultado de uma viagem do escritor a Rússia.



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André Sant'Anna

O escritor carioca é autor dos livros Amor (1998) e Sexo (1999). Considerado um dos maiores talentos da literatura brasileira atual, teve um de seus textos publicado na antologia Os cem melhores contos da literatura brasileira, ao lado de autores como Lima Barreto, Dalton Trevisan e Raduan Nassar. O romance O paraíso é bem bacana (2006) confirmou o nome de Sant'Anna entre os principais prosadores da nova geração.





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Ricardo Lísias

Nasceu em 1975, em São Paulo. É graduado em letras pela Unicamp, mestre em Teoria Literária pela mesma universidade e doutor em Literatura Brasileira pela USP. Em 1999, publicou o romance Cobertor de estrelas, traduzido para o espanhol e o galego. Posteriormente escreveu o livro de contos Anna O. e outras novelas, finalista do Prêmio Jabuti de 2008. Mas foi com seus dois últimos romances, O livro dos mandarins (2009) e O céu de suicidas (2012), que o escritor, segundo a crítica, conseguiu alcançar alto grau de excelência em sua narrativa, conciliando de maneira exemplar forma e conteúdo.



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Daniel Galera
Nasceu em São Paulo, em 1979. Publicou textos e contos na internet, entre 1996 e 2001, no zine Cardosonline. Foi um dos criadores da editora Livros do Mal, pela qual publicou seus dois primeiros livros: Dentes guardados (2001) e Até o dia em que o cão morreu (2003), este último adaptado para o cinema. Galera também recebeu o prêmio Machado de Assis de melhor romance por Cordilheira (2008). Como tradutor já verteu para o português obras de David Foster Wallace, Zadie Smith e Irvine Welsh. Em 2010 lançou o álbum em quadrinhos Cachalote, em parceria com o desenhista Rafael Coutinho. Seu mais recente livro é o romance Barba ensopada de sangue (2012).