Entrevista: Marcelino Freire

“Algo em mim quer dar vexame”

Um dos mais festejados contistas brasileiros, vencedor do Prêmio Jabuti em 2006 com o livro Contos negreiros, Marcelino Freire se prepara para estrear como romancista, em meio a sua inquietante presença na vida cultural brasileira


Márcio Renato dos Santos

Foto: Renato Parada


Teimoso. É assim que o próprio Marcelino Freire se define. Mas ele também se assume como um poeta enrustido. Diz ser mais emoção que razão. Atento e inquieto, o escritor pernambucano radicado em São Paulo faz uma literatura única. “A rua é quem dá a voz à minha literatura o tempo inteiro. Eu vou lá e capturo e compactuo. Escrevo porque não estou surdo”, diz o autor, entre outros, de Angu de sangue e Amar é crime. Ele concedeu esta entrevista ao Cândido na noite do último dia 20 março, data em que completava 46 anos. Marcelino faz algumas revelações, por exemplo, a respeito do romance que escreveu, Só o pó, a ser lançado ainda em 2013. “É a história de um velho poeta e o assassinato misterioso de um michê com o qual ele saía.” Curitiba ele conheceu dentro de um Fusca dirigido por Valêncio Xavier. Foi Jamil Snege quem mostrou a Marcelino a Boca Maldita. O prosador fala de sua relação com a capital paranaense, e faz um pedido: “Espalhe e diga para todo mundo: eu amo o Dalton Trevisan. Se hoje sou escritor foi porque ele apareceu em minha vida.”

Você já disse em entrevistas que pensar e escrever um romance seria algo beirando o insuportável por ter de conviver e dormir — e acordar — com o personagem. A Folha de S.Paulo, em edição de 14 de fevereiro, anunciou romances de autores brasileiros que serão publicados em 2013, entre os quais, Só o pó, de sua autoria. Então, vai publicar um romance? Como foi o processo? Difícil? Sobre o que você trata nessa longa narrativa?
Rapaz, de fato eu prefiro dormir a escrever. O problema do romance continua sendo este — a gente escreve um primeiro capítulo e vai dormir pensando no segundo. É um gênero que carece de paciência e disciplina. Tive de encontrar isso em mim. Consegui agora, a duras penas, creio, depois de ter abandonado, no buraco negro do meu computador, várias tentativas de romance. Encontrei um jeito de levar o fôlego adiante. Meus contos são gritos. Eu quero logo despachá-los. Na feitura do romance, entrei mais calmo, silencioso. Escrevi primeiro à mão, depois fui digitando, sem pressa. Trata-se de uma história policial e isso facilitou a caminhada — escrever a partir de uma trama armada. É a história de um velho poeta e o assassinato misterioso de um michê com o qual ele saía. Eu me diverti, me animei com o jogo, não
precisei, digamos, perder o sono.

Recentemente, um vídeo, divulgado pelo PublishNews, com o título “Marcelino Freire lê com emoção até bula de remédio”, mostrou algo que você faz bem, e pelo que também é conhecido: a leitura em voz alta. Não é novidade. João Alexandre Barbosa já chamava atenção para isso na apresentação do seu Angu de sangue. Qual a diferença entre palavra falada e palavra escrita?

Eta danado! Toda vez em que se toca no nome de João Alexandre Barbosa, me vem uma saudade, uma gratidão a esse grande crítico e ser humano generoso e extraordinário. Salve, salve! Mas olhe: eu escrevo mesmo em voz alta, gosto de falar, de “rezar” os meus textos. Esse romance mesmo, Só o pó, eu não me canso de reler, de interpretá-lo pela casa, como se eu estivesse “cantando” o texto. A prosa só me convence quando passa por esse teste sonoro. Todo mundo que escreve deveria fazer isto: ouvir, em bom
e alto som, o que está colocando no papel. Isso determina ritmo, pulsação, dramaticidade do texto. Eu escrevo de ouvido... Eu escrevo com o corpo inteiro. Nunca conto uma história, eu “componho” uma história, entende? O quanto há de ator no Marcelino Freire? Sou apaixonado por teatro. Queria muito ser ator. Fiz teatro dos 9 aos 19 anos lá no Recife. Desisti quando descobri que eu tinha muito pudor para ser ator. Se um diretor chegasse e pedisse para eu tirar a roupa, eu murcharia na hora. Não conseguiria me expor. Escrevendo, eu tiro a minha roupa e a dos outros. Daí, toda vez em que eu escrevo algo, penso em um ator, uma atriz. Enceno as cenas que crio. É uma alegria quando um grupo teatral me procura para levar
meus contos ao palco... É, de alguma forma, um sonho antigo meu que volta à cena. E eu sou muito procurado por atores. Há peças que foram montadas — e estão sendo montadas — no Recife, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador. Não sei por que Fernanda Montenegro ainda não me procurou. 


Apesar de seus livros serem de contos, e o próximo, um romance, não são poucos o que te definem, também, como poeta. Nelson de Oliveira, o atual Luiz Bras, é um dos que defendem a tese: “Mas habitando o poeta Marcelino Freire há ainda um músico e um dançarino. O músico agarra-se às dissonâncias do maxixe e do maracatu, o dançarino distribui pernadas a três por quatro. Guerreiros, todos eles, cada qual à sua maneira”.

Ora, o Nelson incluiu ainda o dançarino. De fato, há poesia em sua linguagem. Amar é crime prova isso. Considera-se, enfim, poeta? Eu sou um poeta enrustido. Tenho muito medo de assumir que sou poeta. Ser
poeta é muito difícil. Um poema ruim a gente já conhece de cara, no primeiro verso. Por isso digo que sou mesmo é prosador. Um conto meia-boca, perdido dentro de um livro, no meio de outros contos, dá para passar, para engolir... Poesia já é outra história. Um poeta não lança um primeiro livro, um poeta nasce. É coisa rara demais. Por isso eu faço uma gambiarra danada. Eu nunca chamo meus contos de contos, chamo de “cantos”, “cirandas”, “improvisos” — tudo para me deixar mais ao lado da poesia sem, claramente, dizer que sou poeta. Eu sou é um bundão, escreva essa...

“ Eu estou me perguntando isso agora: qual
a minha linguagem? Acho que com este
meu primeiro romance, Só o pó, o meu verbo
disparou para um outro canto. Eu ganhei mais
respiração, alcancei outras notas e regiões
sonoras. Sim, meus cacoetes continuam lá:
minhas rimas, ladainhas, dores de amores”.

O eraOdito fez história. Agora, e já faz tempo, é a vez e a hora do Ossos do Ofídio, o seu espaço na internet. Ali, é possível ler as suas impressões sobre filme, lembrança, memórias, diário de viagem, fotos raras, fotos de você em movimento, vídeos, enfim: você alimenta o seu blog? Ou seria o contrário: o blog que se alimenta de sua intensidade, de sua multiplicidade, de suas ações e pensamentos e palavras?
Estou respondendo a essa sua entrevista exatamente no dia 20 de março, dia em que faço aniversário de 46 anos. Por que digo isto? Porque acabei de postar um “poeminha” lá no meu blog novo. Um poeminha sobre aniversário. Nessa página on-line, eu estou mais relaxado em relação ao que era o eraOdito. Em certo momento, o eraOdito virou uma agenda... Eu parecia assessor de imprensa da literatura contemporânea brasileira. Cansei daquela cara. No blog Ossos do Ofídio, invento ensaios literários, arrisco poeminhas (logo eu que não sou poeta), mostro fotos antigas e também comemoro meu próprio aniversário. Esse blog agora é muito mais meu do que dos outros, entende?

No conto A Volta de Carmen Miranda, do seu BaléRalé, lemos: “Beijar na boca outro homem? Na língua? Essa depravação? Pra todo mundo saber? O quê? Não. / Meu tempo era outro tempo. Beijava-se escondidinho outro homem. Assim, no Joaquim”. É um texto direto, no qual cada palavra está no lugar em que parece que deveria estar. Não há excessos, gorduras. Há, sim, entre outros recursos, emoção. João Gilberto Noll percebeu isso, e escreveu: “Seu condutor é uma afetividade mais ou menos declarada”. Como você tempera emoção e razão em sua produção literária?

Por essa sua introdução acima, eu pensei que você ia me perguntar se eu sou gay. Eu já estava preparado para dar o número do meu telefone. Vida íntima à parte, eu te respondo: eu sou mais emoção que razão. Eu sou ebulição, fervura, vulcão. Não que eu escreva movido por um delírio, mas meus textos têm de nascer de uma explosão em mim, algo que quer dar vexame, soltar os cachorros do peito. Depois é que vem um lado mais “pé no chão” para colocar as palavras no lugar, encontrar o que eu quero dizer. Escrever é essa briga eterna entre o que eu sinto e o que eu penso. 


Em Contos negreiros, você reinventou literariamente os seguranças, o homem que trabalha na construção civil, a mulher que vende carne de segunda a segunda, etc. Mostrou a violência, nosso jeitinho de ver e não ver o pessoal do andar de baixo, entre índios e outras possibilidades existenciais. A obra teve leitura. Rendeu o Prêmio Jabuti. O livro é de 2005. Como você analisa o livro olhando de 2013?
Eu continuo gostando do Contos negreiros. Tinha medo de que ele ficasse datado. Por causa dos temas que ele aborda, toca, cutuca... Tinha receio de que o livro fosse adotado por alguma ONG. Até agora isso não aconteceu. É livro feito movido por uma vingança. Eu queria gritar isto: somos todos opressores e
oprimidos. E eu queria fazer um livro à la Castro Alves... Até acho que o sucesso do livro se deu por isto. Muita gente confunde Contos negreiros com “Navio Negreiro”. O Jabuti que eu ganhei foi dado ao Castro Alves, creio. E sempre dizem assim: que eu, no livro Contos negreiros, dei voz aos que não têm voz. Detesto essa afirmação. Eu não dei voz para ninguém. Quem sou eu? O Papa Chico? Tô fora... A rua é quem dá a voz à minha literatura o tempo inteiro. Eu vou lá e capturo e compactuo. Escrevo porque não estou surdo...


O que representou no seu percurso ganhar um Jabuti?

Representou que eu conheci finalmente Portugal. Por causa do cágado, eu fui convidado, à época, para ir à Feira do Livro de Lisboa. Ou seja, o Prêmio me deu mais milhas. Brincadeiras à parte, eu nunca pensei que fosse ganhar um Jabuti. Sempre foi ele um prêmio longe e distante para mim. Ganhei, agradeço. Mas não posso me sentir um Jabuti. Sair, por aí, arrotando grosso. Nunca. Tenho de lembrar que sou um autor
contemporâneo num país em que se lê muito pouco. Há muito o que fazer. No dia em que eu sentir que “cheguei lá”, melhor é morrer. Prêmio melhor para mim sabe qual é? Um leitor. Eu quero um leitor... Para mim agora, e já, um novo leitor, por favor.


RASIF — Mar que arrebenta traz sinais sobre a violência de todo dia, “Toda criança quer um revólver”. Mas também é sobre a passagem do tempo, “Tenho saudade de Sertânia”. Mais que tudo, o livro traz a sua linguagem afiada, cada vez mais enxuta, musical, veloz, poética. O que o livro representou para você?

RASIF é um livro cheio de saudade. É um testamento, um inventário meu. Eu vivo em São Paulo há 22 anos. E teve uma hora em que eu queria reencontrar o Recife, onde vivi. Queria falar de Sertânia, onde nasci. O RASIF, que é a origem árabe do nome Recife, serviu para isto. Para juntar, em um só livro, a saudade que eu ainda sinto, uma voz que eu ainda carrego comigo. Essa ladainha que vem, faz tempo, fazendo um maracatu no meu juízo. Eu recriei, com RASIF, uma cidade onde eu pude habitar, de vez,
os meus personagens. Todos eles são de lá, deste lugar onde “o mar arrebenta”...

“ Rapaz, grandes mestres

esses. Os saudosos Jamil e

Valêncio foram meus cicerones

numa de minhas primeiras

viagens a Curitiba. Almocei

na casa do Valêncio, ele me

levava para cima e para baixo

em seu Fusca. Jamil me

apresentou a Boca Maldita”.

Você dedica RASIF, entre outros, para o Jamil Snege. Outros nomes do Paraná, como Wilson Bueno, Valêncio Xavier e Manoel Carlos Karam também foram seus interlocutores. Poderia comentar sobre como foi o convívio com esses quatro autores, além de falar sobre a produção literária deles?

Rapaz, grandes mestres esses. Os saudosos Jamil e Valêncio foram meus cicerones numa de minhas primeiras viagens a Curitiba. Almocei na casa do Valêncio, ele me levava para cima e para baixo em seu Fusca. Jamil me apresentou a Boca Maldita. Ambos, escritores de minha estima e inspiração. Inovadores,
vibrantes. Manoel Carlos Karam eu trouxe uma vez para São Paulo. Que prosa vigorosa, ágil, viva. Um gênio. Wilson Bueno eu dividi mesas de debate, viajamos juntos, rimos juntos. Ele e a sua escrita inquieta e sonora até hoje mexem comigo. Wilson morreu no mesmo dia e ano em que a minha mãe morreu, no dia 30 de maio de 2010. E olhe: espalhe e diga para todo mundo: eu amo o Dalton Trevisan. Se hoje sou escritor foi porque ele apareceu em minha vida. Um gênio com quem sempiternamente estou aprendendo.

Foto: Luciana Dal Ri

                      Ao lado de Laerte, que será o homenageado da oitava Balada Literária, em 2013.


No texto de apresentação de RASIF, Santiago Nazarian comenta que nos círculos literários, nas rodas de samba, são comuns os comentários sobre a importância de Marcelino Freire como agitador cultural. Você inventou e mantém a Balada Literária, além de ministrar cursos, de incendiar bate-papos nos quais participa. Você é muitos. Quantos você é? Como concilia tanta ação com uma vida interior e intelectual também intensa?
Eu sou um teimoso, a verdade é esta. A Balada Literária, que acontece anualmente desde 2006, é feita na raça. Costumo dizer que, enquanto outras festas são feitas com um milhão, a nossa é feita com “humilhação”. Muita gente entende o espírito do evento e participa e vibra e é parceiro nessa luta — como a Livraria da Vila, o Centro Cultural b_arco, o SESC, a Biblioteca Alceu Amoroso Lima... Já passaram pela Balada nomes como os de Antonio Candido, Adélia Prado, Caetano Veloso, Tom Zé, Lygia Fagundes Telles e até Raduan Nassar no ano passado. É tudo feito com muito afeto... É este afeto o que me move na vida — para fazer tudo o que faço. Luto por uma literatura sem frescura, entende? Aliás, aproveito para falar que a oitava edição da Balada Literária, que vai de 20 a 24 de novembro, já está sendo preparada. O homenageado deste ano é o Laerte. E já estou convidando gente da pesada — como o escritor chileno Pedro Lemebel e um grande cineasta espanhol. Mistério, mistério...


O que tem chamado a sua atenção na literatura brasileira contemporânea?

Dalton Trevisan, digo sempre e sempre. Ele não para quieto. Surpreende eternamente. Para continuar nos veteranos, a poesia de Francisco Alvim. De meus amigos de cabeceira, anote: Andréa Del Fuego, André Sant’Anna, Ivana Arruda Leite, Sérgio Vaz, Santiago Nazarian, Lourenço Mutarelli, Antonio Carlos Viana, Amarildo Anzolin — esse, acabou de lançar um ótimo volume de poesias. E, de quem vem chegando, tem
uma moçada boa: Angélica Freitas (já com dois livros porretas), Japa Tratante, João Vereza, Juliana Amato, Nelson Maca — esse, uma verdadeira entidade poética lá de Salvador. E eu vou parar por aqui, que isto não é uma lista telefônica. É chato para quem lê aqui o jornal Cândido e acaba se deparando, coitado,
com uma relação de nomes, assim, sem fim. Ave! E é igualmente chato para quem, por acaso, procura o nome nessa minha lista e não encontra. Paciência! Eu não sou Madre Teresa de Calcutá. O que não desperta o seu interesse na literatura brasileira contemporânea? A lista é infinita. Quer mesmo que eu
cite? Tem espaço no jornal? Rapaz, vou lhe dizer. Se você chegasse e me perguntasse diretamente: o que você acha de fulano? Aí eu responderia, sem problemas. Mas por que eu vou aqui listar nomes, em vão, só para atacar a obra da pessoa? Deixa o cara, a cara trabalhar, produzir, escrever... Respeito quem faz da literatura o seu ofício. O que não aguento é quando o pessoal das editoras, da imprensa, quer empurrar alguns autores pela nossa goela abaixo. Não gosto, por exemplo, de Paul Auster. Supervalorizado. E para não dizerem que fugi da resposta, que eu resolvi citar apenas um estrangeiro, cito o brasileiro Marcelo Mirisola. Começou bem o Mirisola. Sou leitor dele desde o início. Tenho todos os seus livros em casa. Mas
ele perdeu muito tempo contaminando os livros dele com indiretas a desafetos, com rancores gratuitos. Seu último livro, o Charque, é muito ruim. Ou seja: em vez de cuidar da casa dele, ele parou o que estava
fazendo para meter a língua na casa dos outros. Uma pena! 

"Sou apaixonado por teatro. Queria muito ser
ator. Fiz teatro dos 9 aos 19 anos lá no Recife.
Desisti quando descobri que eu tinha muito pudor
para ser ator. Se um diretor chegasse e pedisse
para eu tirar a roupa, eu murcharia na hora”.

O Nicolas Behr comentou, em entrevista à TV Senado, que se fosse escrever em prosa queria escrever na linguagem do Marcelino Freire. Qual é a linguagem do Marcelino Freire?

Eu estou me perguntando isso agora: qual a minha linguagem? Acho que com este meu primeiro romance, Só o pó, o meu verbo disparou para um outro canto. Eu ganhei mais respiração, alcancei outras
notas e regiões sonoras. Sim, meus cacoetes continuam lá: minhas rimas, ladainhas, dores de amores. Mas acho que ganhei um outro jeito de compor. Vamos ver aonde isso vai dar. Numa hora, adoro o romance. Noutra, morro de vergonha dele. Minha nossa! É sinal de que está na hora de jogar a obra para o leitor analisar, chafurdar... O que gostei é que me aventurei. Zerei tudo e resolvi me arriscar. Adoro começar tudo outra vez, do nada.


Quem é o Marcelino Freire?

Um homossexual não-praticante. É assim que me apresento no Twitter. Quer outra resposta? Sou um teimoso. Também sou muito justo, filho de Xangô. Um batalhador. E também um preguiçoso. Adoro dormir. Adoro ficar de bunda para o teto, sem fazer nada. Tem gente que tem medo da morte. Eu não tenho. Uma eternidade toda para dormir — é meu sonho de consumo.


E quem não é o Marcelino Freire?
Às vezes acho que não fui eu quem respondeu às suas perguntas acima. Foi outro alguém, aqui, em minha cola. Um escritor que já morreu. Eu já morri e não sei. Vivo dizendo para mim mesmo: acorda, acorda!