Editorial - Cândido 88

O termo “literatura pop” é nebuloso até mesmo para escritores que se encaixam nesse pretenso subgênero literário. Mas se a terminologia é ainda difusa, as narrativas que assimilaram referências da cultura pop são bem presentes na literatura brasileira. Principalmente em livros de autores que estrearam a partir dos anos 2000. 

É isso que o escritor Santiago Nazarian — ele mesmo um “autor pop” — mostra em reportagem que é destaque desta edição. Entre outras questões, Nazarian e seus pares discutem como o cinema, a TV, os quadrinhos e a internet foram incorporados à literatura brasileira contemporânea — e como isso diversificou — ou não — o panorama literário do país.

“Não sei qual a definição exata de ‘literatura pop’, mas me parece ser aquela que dialoga com seu tempo, dando voz a personagens ‘reais’, que vivem no mundo de hoje e, por isso, assistem a filmes de diretores contemporâneos, escutam álbuns recentes, se relacionam e se comunicam da maneira como fazemos hoje, através de redes sociais e celulares”, diz Raphael Montes, um dos autores ouvidos por Nazarian.

A literatura brasileira também está na pauta da coluna Pensata. O poeta e crítico Antonio Carlos Secchin escreve sobre o uso do verso livre entre os poetas contemporâneos e do passado. Para ele, “ao romper as barreiras da métrica regular, o verso livre forneceu a (falsa) perspectiva de um facilitário irrestrito: bastava alguém não saber metrificar para dizer-se poeta.” 
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    Foto: Kraw Penas
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Outro destaque da edição é o bate-papo com o jornalista e escritor Laurentino Gomes (foto), que participou em agosto do projeto Um Escritor na Biblioteca. Durante a conversa, Laurentino comenta sua trajetória na imprensa e, mais recentemente, como autor de livros-reportagem sobre a história do Brasil, tal como 1808, que relata a chegada da corte portuguesa ao país. Além de falar sobre seus recentes best-sellers, o autor paranaense deu detalhes sobre sua nova empreitada: uma trilogia sobre a escravidão no Brasil.  

Após 120 anos da morte de Lewis Carroll, As aventuras de Alice no país das maravilhas continua sendo um clássico absoluto. Em ampla reportagem, o jornalista e escritor Marcio Renato dos Santos ouviu tradutores e acadêmicos sobre a importância da obra do autor inglês. Já o repórter Daniel Tozzi resgata a história da curitibana Itiban Comic Shop, uma das principais lojas especializadas em Histórias em Quadrinhos do país, que pode encerrar as atividades em 2019, quando completa 30 anos. 

Entre os textos inéditos, o Cândido publica contos de Carlos Machado, Vilma Arêas e Luís Roberto Amabile. Completa a edição poema de Thiago E. O desenho da capa é assinado pelo artista André Ducci. 

Boa leitura.