Editorial - Cândido 82

No primeiro semestre deste ano, o selo Biblioteca Paraná publica uma antologia inédita contendo textos de cronistas paranaenses, desde o início da imprensa no Estado até o presente. O livro é organizado pelo escritor e professor da Universidade Federal do Paraná Luís Bueno. 

Ao longo de dois anos, Bueno percorreu mais de um século da imprensa do Paraná, pesquisando centenas de jornais e revistas. O resultado é O tempo visto daqui, que reúne mais de 80 escritores, de todas os períodos da história do Paraná. No ensaio publicado nesta edição, o organizador escreve sobre os desafios que enfrentou durante a pesquisa e reflete sobre o conjunto de textos que compõe a obra. O livro traz um recorte amplo da produção dos cronistas no Estado, com nomes importantes do início século XX (Rodrigo Júnior, Raquel Prado), passando por escritores que militaram intensamente na imprensa do Paraná (Emiliano Perneta, Rocha Pombo) até chegar aos autores contemporâneos (Dalton Trevisan, Roberto Gomes, Domingos Pellegrini).
                                                                                                                                                                                                                                                                                                           Foto: Rafael Roncato
...


“Se uma ilha é terra cercada de água, ou seja, algo isolado por coisas que não são de sua natureza, a crônica é uma espécie de anti-ilha: um gênero cercado de gêneros por todos os lados, comunicando-se com todos e incorporando tudo a partir do olhar dessa figura curiosa e atenta que é o cronista”, escreve Bueno, sobre os desafios de classificar os textos que escolheu para o livro.

Além do ensaio do professor da UFPR, o Cândido publica três crônicas que fazem parte de O tempo visto daqui: “Enterro de gente pobre”, de Adriano Robine (1902-1982), “Nós num começo de vida”, de José Paulo Paes (1926- 1998), e “Ficção em sala de professores”, de Marta Morais da Costa. 

Outro destaque da edição 82 é a sétima entrevista da série “Os Editores”, em que Plínio Martins (foto) fala sobre sua trajetória no mercado editorial, principalmente da experiência que teve à frente das editoras Perspectiva, Edusp e Ateliê. 

Após 15 anos da morte de Waly Salomão (1943-2003), o jornalista e escritor Marcio Renato dos Santos entrevista acadêmicos, poetas e o filho do autor, Omar Salomão, para falar sobre o legado poético do autor de Me segura qu’eu vou dar um troço

Entre os inéditos, o Cândido publica poemas de Ronaldo Werneck e uma ficção de Rafa Campos. A seção Cliques em Curitiba apresenta o trabalho do fotógrafo Danilo Senedezi Bechtloff. A capa da edição é assinada pelo artista José Aguiar. 

Boa Leitura.