Editorial - Cândido 73

O Cândido 73 traz um especial sobre romance de formação, termo que se refere a uma obra literária que investiga por que alguém se torna o que é. A expressão Bildungsroman (romance de formação, em alemão) foi cunhada pelo filólogo alemão Karl Morgenstern no século XIX. O estudioso aplicou a expressão para se referir ao romance Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister, de Goethe — narrativa publicada em duas partes, inicialmente em 1795 e depois em 1796.

A partir de então, o Bildungsroman passa a ser estudado sistematicamente e continua sendo escrito no tempo presente por autores como o norueguês Karl Ove Knausgard e pelo brasileiro Michel Laub. Uma ampla reportagem traz informações a respeito do tema, incluindo os pontos de vista do professor na Pós-Graduação de Letras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Lourival Holanda, do professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Marcus Soares e do romancista Michel Laub.

Entre as definições possíveis para romance de formação, ou de aprendizado, o Cândido destaca a de Laub: “É um livro que apresenta a formação da identidade psicológica/moral/cultural de um personagem, construída a partir de certos fatos decisivos, em geral ocorridos na infância/adolescência”, diz.

Pesquisador da Uerj, Soares acrescenta que o Bildungsroman é uma modalidade do gênero romance, cujo enfoque se baseia no processo de transformação ou amadurecimento do protagonista, decorrente das adversidades pelas quais ele passa em sua trajetória pelo mundo, “em um percurso que o constitui, subjetiva e objetivamente, enquanto indivíduo socialmente configurado.”

O especial inclui uma lista de 8 obras fundamentais para compreender o que é, na prática, um Bildungsroman e um texto de Miguel Sanches Neto a respeito dos anos de formação do poeta José Paulo Paes (1926-1998) em Curitiba.

Outro destaque da edição é uma reportagem, assinada pelo jornalista e cronista Alvaro Costa e Silva, sobre os 120 anos da Academia Brasileira de Letras, entidade que reúne não apenas escritores, mas personalidades da cultura brasileira — cada um dos 40 integrantes recebe R$ 10 mil mensais. Outro texto, produzido pela reportagem do Cândido, cita algumas das novas metas da Academia Paranaense de Letras, que completa 81 anos em 2017 e quer difundir a História do Paraná nas escolas e restaurar o Belvedere — prédio localizado no Centro Histórico de Curitiba.

O Cândido publica os melhores momentos da participação de Marcelino Freire, em junho deste ano, no projeto “Um Escritor na Biblioteca” e “Literatura contemporânea”, conto de Fernando Bonassi, roteirista, dramaturgo e escritor, autor, entre outros, do romance Luxúria (2015).

Também estão nas páginas desta edição do Cândido fotos de Cyro Ridal, na seção Cliques em Curitiba, e um poema narrativo de Adélia Maria Woellner.

Boa leitura!
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Karl Ove Knausgard
Karl Ove Knausgard.