Editorial - Cândido 71

A cada ano, leitores do mundo todo têm uma ótima desculpa para ler, reler e discutir um dos maiores monumentos da literatura mundial. Há décadas, 16 de junho é o dia de James Joyce e seu livro mais impactante, o assombroso Ulysses, lançado há 95 anos, em 1922. A data é lembrada para homenagear o périplo vivido por Leopold Bloom, protagonista do romance, que tem a normalidade de sua vida transformada em odisseia pelo gênio do autor irlandês.

Nesta edição, o Cândido celebra a efeméride e oferece aos leitores visões idiossincráticas de dois joyceanos a respeito do Bloomsday, fenômeno que ultrapassou o campo literário e se estabeleceu como uma marca cultural forte até mesmo para os não leitores de Joyce.

A professora e tradutora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Dirce Waltrick do Amarante faz um relato apaixonado sobre Ulysses e seu autor — paixão que a levou a diversas partes do mundo em busca de cenas, personagens e lugares eternizados na literatura de James Joyce.

O escritor e tradutor Caetano Galindo cria uma ficção a partir da ideia de que Leopold Bloom estaria por aí, nas ruas de Curitiba, flanando como fez na Dublin do início do século XX. Tradutor da versão mais recente de Ulysses no Brasil, Galindo emula o estilo joyceano em uma narrativa que mostra Bloom metamorfoseado nos cidadãos comuns de uma grande cidade brasileira.

A 71ª edição do Cândido ainda traz uma grande reportagem sobre o legado poético de Mario Quintana (foto abaixo). O texto reflete sobre a importância do autor nascido em Alegrete (RS) a partir do livro A vaca e o hipogrifo, obra lançada há 40 anos e que marcou a volta do autor à poesia depois de um longo hiato.

Outro autor gaúcho, Fabrício Carpinejar, participou do projeto Um Escritor na Biblioteca em maio. O Cândido publica os melhores momentos do bate-papo, em que o poeta e cronista fala sobre suas principais referências literárias e sua relação com as bibliotecas.

Na seção Perfil do Leitor, o entrevistado é o cantor e compositor Jorge Du Peixe, do grupo pernambucano Nação Zumbi. Fã de quadrinhos, ficção científica e dos autores da beat generation, ele revela a influência da literatura em suas letras.

O ensaio fotográfico do mês fica por conta de Gean Ferronato, que discute o contraste entre solidão e multidão nas grandes cidades. Entre os inéditos, a edição traz dois contos de Estevão Azevedo e poemas de Marco Aurélio Cremasco.

Boa leitura.

Foto: Eneida Serrano
Quintana