Editorial - Cândido 60

Desde 2011, quando teve uma coletânea de seus poemas publicada no Brasil, a polonesa Wislawa Szymborska (pronuncia-se Visuáva Chemborska) começou a ter sua obra conhecida e valorizada no país. 

Ainda neste ano, a poeta terá outra seleta com sua produção lançada por aqui. Ambos os livros foram traduzidos e organizados pela professora Regina Przybycien, que atuou no Departamento de Polonês da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e foi professora visitante de Literatura Brasileira na Universidade Jaguielônica de Cracóvia, na Polônia. Ela assina ensaio sobre Szymborska, que é o destaque da edição de julho do Cândido

Prêmio Nobel de Literatura em 1996, a polonesa morreu em fevereiro de 2012, aos 88 anos. O ensaio da professora Regina discute, entre outros aspectos, como Szymborska utilizou a ideia do mundo como teatro e do teatro como mundo em diversos momentos de sua produção. O texto também apresenta ao leitor fatos da vida da poeta que influenciaram sua obra, como a aproximação, e mais tarde distanciamento, das ideias do socialismo soviético. 

Szymborska é apenas um exemplo, entre tantos, de grandes autores poloneses pouco traduzidos ou conhecidos no Brasil. Ainda que o Paraná seja o Estado com a maior colônia de poloneses do Brasil e Curitiba a segunda cidade do mundo, em território fora da Polônia, com mais polacos, os autores do país europeu nunca foram muito populares por aqui. Esse é o tema da entrevista com o polonês Henryk Siewierski, professor titular do Departamento de Teoria Literária e Literaturas da Universidade de Brasília (UnB). Tradutor de clássicos da literatura polonesa, como Bruno Schulz, Siewierski fala sobre as peculiaridades da literatura de seu país e por que os autores nunca foram muito aceitos pelos leitores brasileiros. 

A poesia segue em destaque na edição 60 do Cândido. O ano de 2016 marca o centenário de nascimento do poeta Manoel de Barros (foto), morto em 2014. Uma grande reportagem discute o legado do autor mato-grossense, que terá nova reedição de sua obra. Já os professores Robson Coelho Tinoco e Míriam Theyla analisam a produção de Barros a partir da grande fortuna crítica do poeta já disponível na academia. 

Entre os inéditos, destaque para os poemas do paranaense Amarildo Anzolin e a tradução de Dirce Waltrick do Amarante, que é professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), para texto do dramaturgo romeno Eugène Ionesco (1909-1994).

Boa leitura.