Editorial

Charles Bukowski (1920 — 1994) fez dos reveses da própria vida o substrato de sua literatura. Assim escreveu uma obra extensa, que vai da poesia ao conto, passando pelo romance e pela crônica. O escritor norte-americano nascido na Alemanha teve um sucesso tardio. Publicou o primeiro livro aos 40 anos e sua obra sempre circulou de modo restrito.

Hoje, no entanto, o escritor é mundialmente famoso. No Brasil, tornou- se objeto de culto entre leitores de várias gerações, que há mais de 30 anos têm à disposição traduções de suas principais obras.

O Cândido ouviu tradutores, editores e o biógrafo do escritor, que explicam o sucesso de Bukovski no Brasil, principalmente entre o público mais jovem. “A irreverência e honestidade de Bukowski são recursos que atraem jovens leitores em todo o mundo. Ao contrário da maioria dos adultos, ele não aprendeu a ser um diplomata polido. Sempre foi um rebelde, e essa é a persona favorita dos jovens”, diz Howard Sounes, biógrafo do autor.

A equipe do jornal também selecionou e comentou livros do autor, que escreveu intensamente durante todo a vida, produzindo mais de 40 livros, além dos muitos poemas e contos que publicou em revistas e jornais underground dos anos 1960 e 1970 que ainda permanecem dispersos.

Muito conhecido pela prosa cativante, Bukowski também foi um poeta bastante prolífico. Parte de sua produção no gênero começou a ser traduzida em tempos recentes no Brasil. O Cândido mostra três poemas do autor nas traduções do maranhense A.A. Mercador e do curitibano Fernando Koproski.
 
A edição também traz outros destaques. Na seção que apresenta bibliotecas particulares, o publicitário e escritor Antonio Cescatto mostra seu acervo, constituído em sua maioria por títulos em inglês e outros idiomas estrangeiros.

O jornalista José Daniel Silveira Júnior, em ensaio inédito, fala sobre a vida profissional do caricaturista e pesquisador Alvaro Cotrim, o Alvarus, figura de destaque na cultura brasileira entre as décadas de 1930 e 1980, mas que ainda é pouco conhecido pelas novas gerações.

Outro destaque é a entrevista com o artista plástico e escritor Nuno Ramos. O multiartista, que acaba de ter algumas de suas canções gravadas pela cantora Mariana Aydar, fala sobre alguns de seus livros, como o premiado Ó e o mais recente deles, Sertões.

Boa leitura.