Editorial

Dalton Trevisan e Rubem Fonseca, dois dos maiores escritores brasileiros contemporâneos, acabam de completar 90 anos. Juntos, têm mais de 100 anos de vida literária e ainda seguem em plena atividade — Trevisan lançou O beijo na nuca, seu mais recente livro, em 2014; Fonseca acaba de ganhar um prêmio da Academia Brasileira de Letras por Histórias curtas, coletânea lançada há menos de um mês.

É sobre essas duas trajetórias, que mudaram os rumos da literatura brasileira, que trata grande parte da edição 47 do Cândido. Especialistas, críticos e acadêmicos falam sobre como o mineiro (radicado do no Rio de Janeiro) Rubem Fonseca e o paranaense Dalton Trevisan deram novo caráter à breve narrativa a partir do começo dos anos 1960, quando fizeram suas estreias.

Com grandes livros, os dois autores revolucionaram o conto brasileira ao perceber as transformações que o país sofria com a urbanização das cidades. Atrelado a essa percepção, a literatura dos dois contistas trazia inovações estilísticas até então inéditas em nossa prosa.

Além de uma grande reportagem sobre o impacto do surgimento dos autores na literatura nacional, a edição traz uma seleção de livros de Trevisan e Fonseca comentada por outros escritores, de várias gerações. Deonísio da Silva, que há décadas estuda a literatura dos dois contistas, concede entrevista sobre as semelhanças e diferenças das obras dos mestres da ficção.

A edição ainda traz texto em que a editora Vanessa Ferrari trata da experiência que teve como mediadora de leitura em um presídio paulista. O escritor maringaense Marcos Peres, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura em 2014, conta como surgiu seu romance Em busca de Juliana Klein, inspirado nas viagens que o autor fez para Curitiba e que será publicado em julho pela editora Record.

Boa Leitura.