Editorial

A fragmentação, para alguns, define o século XXI. Há quem diga que o ser humano, e a maneira de ler narrativas, se fragmentou — e o exemplo maior disso é a leitura de conteúdos nas redes sociais. No Facebook, o sujeito pula de um link para outro, conferindo as mais variadas informações, aleatoriamente, em poucos minutos.

A edição 45 do Cândido trata, justamente, da fragmentação, mas com foco na literatura. De acordo a professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Dirce Waltrick do Amarante, a poesia clássica antiga e os textos pré- -socráticos já eram fragmentados. Aurora Bernardini, professora da Universidade de São Paulo (USP), acrescenta que a fragmentação sempre existiu — “desde os rabiscos primitivos de nossos ancestrais”.

Não há um consenso a respeito do que é a fragmentação e, a partir de vários pontos de vista, é possível ter a acesso a diversas opiniões que, individual e coletivamente, definem — na primeira reportagem — o que pode ser o fragmento na literatura.

Cândido entrevistou Jair Ferreira dos Santos, de 68 anos, paranaense de Cornélio Procópio radicado no Rio de Janeiro desde a década de 1970, para aprofundar o debate. Autor, entre outros de O que é pós-moderno, lançado pela editora Brasiliense em 1985, com mais de 200 mil exemplares vendidos, o escritor comenta a fragmentação e os seus desdobramentos estéticos, filosóficos e sociológicos.
O especial conta ainda com a indicação de 10 livros para o leitor conferir como a fragmentação aparece na literatura, além de inéditos — fragmentados — de Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira, Joca Terron e Manoel Carlos Karam.

Uma entrevista com Antonio Carlos Viana, contista que acaba de publicar Jeito de matar lagartas, um perfil da leitora Uyara Torrente, vocalista da Banda Mais Bonita da Cidade, e poemas de Jandira Zanchi são outros destaques da edição.

Boa leitura!