Editorial

As obras traduzidas representam hoje metade da produção das editoras brasileiras. Em quase 30 anos de atividades, a Companhia das Letras publicou 4 mil títulos, dos quais exatamente 2 mil são traduções. Para este ano, apesar da crise anunciada, a empresa garante outras 150 obras traduzidas.

Além da questão comercial, Denise Bottmann lembra que a tradução é uma das atividades mais importantes que existe. “Já pensou um mundo sem acesso às línguas, obras e realizações de outras pessoas, de outras terras, culturas e épocas diferentes das nossas? Não dá nem pra imaginar”, comenta a tradutora, com mais de 120 títulos no currículo.

A edição de março do Cândido abre espaço para a tradução, a começar por uma reportagem que procura entender a atividade, por exemplo, o conflito entre ser fiel ou recriar o texto original. Paulo Henriques Britto, considerado um dos grandes nomes da profissão no Brasil, afirma que deve haver respeito ao original. “Já a liberdade de reescrita é fundamental”, diz. Autoridade no assunto, Britto explica que o tradutor deve saber redigir na língua-meta — o idioma para o qual se traduz. “Todo o resto, até mesmo o conhecimento da língua-fonte [o idioma do texto original], é secundário em relação a essa exigência”, garante. Outra reportagem explica como são feitas e qual o impacto das traduções de obras da literatura brasileira para outros idiomas.

O especial ainda conta com um texto de Ernani Ssó, tradutor de Dom Quixote, a respeito dos deslizes de traduções realizadas no Brasil nos últimos anos, além de quatro traduções. Ari Roitman e Paulina Wacht verteram do espanhol para o português um fragmento de Victus, romance Albert Sànchez Piñol, que será publicado no país em abril. A edição traz um trecho do romance Rosy & John, do francês de Pierre Lemaitre, que os leitores brasileiros vão conhecer apenas em 2016. Joana Barossi traduz poemas de Nicanor Parra e Wagner Schadeck assina a tradução de um poema de William Butler Yeats.

Boa leitura!