Editorial

Em recente entrevista ao Cândido, o jornalista Sérgio Augusto disse que fazer listas é um “folguedo infantil (ou adolescente, como queira), uma masturbação taxonômica, inócua e inconsequente”. Ainda que dita por alguém cansado de listar livros, discos e músicas preferidas, a frase traz em si um tom passional característico de quem gosta de cultura e, por consequência. do tal “folguedo”.

Ciente da repulsa e fascínio que as listas geram, o Cândido perguntou a 20 escritores e críticos qual o melhor livro brasileiro em prosa lançado nas duas últimas décadas. Com as devidas justificativas, acompanhadas de trechos das obras escolhidas, o resultado toma conta de parte desta 42ª edição.

Ausências certamente serão apontadas. Mas é justamente esse o objetivo — a discussão — desta enquete informal, que passa longe de qualquer método rigoroso de pesquisa. As pessoas escolhidas a votar são profissionais que acompanham a literatura brasileira contemporânea há muito tempo, algumas delas há bem mais de duas décadas. Então, mesmo que os livros aqui apresentados não sejam unânimes (nenhuma lista é, afinal), as obras selecionadas podem ser encaradas como um possível — e confiável — recorte do que aconteceu em nossa história literária recente.

Talvez a característica mais visível (e até óbvia) deste conjunto de livros, seja a presença e o retrato do território urbano. Mas muitos outros olhares são possíveis.

A edição também traz ensaio do professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Luís Bueno, sobre Ficções, obra publicada pelo selo Biblioteca Paraná que reúne todos os contos conhecidos de Newton Sampaio. O escritor Antônio Cescatto escreve sobre os bastidores do clássico Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Entre os inéditos, a edição traz fragmento do romance Operação impensável, de Vanessa Barbara (ganhadora do Prêmio Paraná de Literatura 2014), e poemas de Affonso Romano de Sant’Anna e José Marins.

 Boa leitura.