Editorial

A memória é do passado, já dizia Aristóteles. De fato, memória é um tema antigo, inclusive no que diz respeito à literatura. A professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Sissa Jacoby afirma que a memória está presente no fazer literário desde os poemas homéricos. Mas, pondera a professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ana Cláudia Viegas, tanto o surgimento dos relatos em primeira pessoa, memórias, autobiografias e diários, como o desenvolvimento do gênero romance, estão relacionados à construção do indivíduo moderno. “Ao longo do século XIX, portanto, a memória foi se constituindo como matéria- prima literária”, diz Ana Cláudia.

Memória e literatura é o assunto desta edição e uma ampla reportagem abre espaço para a discussão com autores brasileiros — Maria Valéria Rezende, Sérgio Sant’Anna e Siliviano Santiago: eles acabam de publicar obras nas quais memória é matéria-prima. O legado do escritor francês Marcel Proust (1871-1922), um marco neste tema, não foi esquecido. A professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Tânia Regina Oliveira Ramos também participa da discussão por meio de um artigo sobre memória e literatura. E o escritor Urariano Mota, que vive em Olinda (PE), escreveu um conto sobre memória a convite do Cândido.

A edição também abre espaço para outros conteúdos, por exemplo, uma entrevista com o jornalista Sérgio Augusto, que faz uma análise profunda a respeito do jornalismo no momento em que o espaço para cultura é cada vez mais reduzido e praticado por noviços. A cantora e compositora Marina Lima é a personagem da seção Perfil do Leitor. Ana Paula Maia apresenta fragmento inédito de uma novela. Ademir Demarchi escreve sobre a antologia 101 poetas paranaenses, em dois volumes, publicada pela Biblioteca Pública do Paraná — e quatro autores incluídos nas coletâneas estão nas páginas do Cândido.

Boa leitura!