Editorial

A efemeridade inerente ao jornal impresso nunca acompanhou o Nicolau. Criado em um período pré-internet, na segunda metade dos anos 1980, o suplememto representou um marco no jornalismo cultural brasileiro, comparando-se a inciativas igualmente lendárias como o tabloide carioca O Pasquim e a revista curitibana Joaquim.

Mas a audiência conquistada pelo jornal — e sua permanência histórica — não se deve apenas às dificuldades de informação da época, mas principalmente à qualidade do que era publicado no periódico. Editado por Wilson Bueno em 55 de suas 60 edições, Nicolau aliava com precisão um rico conteúdo jornalístico, trazendo matérias instigantes assinadas por alguns dos principais jornalistas do Estado, à publicação de inéditos de grandes nomes da literatura local e nacional das décadas de 1980 e 1990.

Algumas das figuras mais talentosas da poesia e da prosa do Paraná deixaram marcados seus nomes na publicação. Assim como autores importantes de outras cenas, como Milton Hatoum, Manoel de Barros, José Paulo Paes, Rubem Braga, João Antônio, entre muitos outros.

É essa trajetória que o Cândido relembra nesta edição. Repórteres, ilustradores e colaboradores da equipe que participou do jornal falam sobre a experiência literária e cultural que foi o Nicolau. O poeta Rodrigo Garcia Lopes relembra o período em que trabalhou na publicação e do convívio com Wilson Bueno e outros colegas. As edições mais instigantes são lembradas em uma galeria que esmiúça os principais conteúdos do jornal.

Quase 20 anos após a extinção do Nicolau, os leitores que só conhecem o mito em torno da publicação ou mesmo àqueles que nunca ouviram falar do jornal, poderão ter acesso a essa experiência que marcou época e que voltará em edição fac-similar, em iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura. Com este especial, os leitores do Cândido terão uma prévia daquilo que, em breve, estará novamente ao alcance de todos.

Boa leitura.