Editorial

Há mais uma crise no Brasil. E essa turbulência diz respeito à crítica literária. Com o advento da internet e, principalmente, devido à expansão e à popularidade de blogs e redes sociais, os jornais e revistas impressos tiveram as suas tiragens reduzidas. O espaço para o jornalismo diminuiu. Já a crítica literária quase foi banida dos impressos tradicionais.


É a respeito desse cenário que o Cândido consultou diversos especialistas para saber: onde está a crítica literária? Mais que isso? A crítica vai bem? Na opinião de Alcir Pécora, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a crítica vai mal, muito mal, tanto a praticada por acadêmicos quanto a veiculada nos jornais, segundo Pécora, principalmente por colunistas literários — meros intermediários entre editoras e cadernos de cultura. Já Eduardo Sterzi, também professor da Unicamp, entende que a atividade nunca esteve tão bem como no tempo presente, pelo fato de haver mais possibilidades para ler textos críticos, de variadas vozes, em plataformas digitais e mesmo em impressos, no caso, alternativos.


O assunto, de fato, divide opiniões e inclui, entre outros itens, espaço para João Cezar de Castro Rocha — um dos mais destacados críticos brasileiros contemporâneos — comentar a sua atividade. Há um perfil memorialístico de Wilson Martins (1921-2010), considerado por muitos o mestre da crítica. E, em entrevista, Regina Dalcastagnè, professora da Universidade de Brasília (UnB), analisa a situação da crítica e também do meio literário, assunto que ela pesquisa há alguns anos por meio abordagem inusitada.


Cândido traz ainda inéditos, fragmento de um romance de Adriana Armony, poemas de Eucanaã Ferraz e Wagner Schadeck e trechos do Dicionário amoroso do Rio de Janeiro, que o jornalista Alvaro Costa e Silva, o Marechal, produz para uma coleção idealizada pela editora baiana Casarão do Verbo. O jornalista Omar Godoy fez o perfil de Anna Muylaert, mais que cineasta, uma leitora.


Boa leitura.