Editorial

Jamil Snege (1939-2003) empresta o nome a um jardinete e a uma Casa de Leitura em Curitiba. Agora em
maio, faz uma década que ele partiu. Publicou 11 livros, além de pelo menos 1 romance inédito que os leitores esperam, um dia, conhecer.

Transitou pela poesia, pela ficção, pelo teatro, pelo ensaio, pela crônica e por outras veredas. Sobreviveu atuando no mercado publicitário. Também tentou ser comerciante. Quase foi paraquedista. Se quisesse, teria sido ator — era um talentoso imitador do comportamento e voz alheias.

Divertido, como poucos, foi múltiplo. Era raro. Quem o conheceu, diz que praticava a amizade, estimulando a reflexão — o tempo todo. Quem não o conheceu, mas apenas o seu legado escrito, não hesita: foi, e é, um dos nomes expressivos da literatura brasileira contemporânea.

Esta edição do Cândido traz um dossiê a respeito do Turco, como o autor era conhecido e chamado pelos mais próximos. A matéria de abertura apresenta a obra de Snege, que tem repercussão em outros Estados, inclusive dentro das universidades, onde é matéria-prima para estudos acadêmicos. Franco Caldas Fuchs, autor de uma biografia inédita sobre Jamil Snege, revela aspectos e curiosidades
biográficas.

O gaúcho Ernani Ssó, autor da mais recente tradução de Dom Quixote, de Cervantes, aparece com um texto inédito, que ele enviou para o autor em 2003 e apenas o Turco leu, pouco antes de falecer, no dia 16 de maio.

Algumas fotografias que ilustram os textos são de autoria de Daniel Snege, o filho mais velho de Jamil — que terá uma exposição com fotos inéditas do pai em cartaz na Biblioteca Pública do Paraná neste mês. Jean Snege, o caçula, é escritor e participa da homenagem com um texto afetivo produzido especialmente para este especial.

Boa leitura.