Editorial

Território dominado pelos homens, a ficção brasileira tem, nos últimos 20 anos, cedido mais espaço às mulheres. Ou melhor, assim como em outras áreas da sociedade, elas têm conquistado, com trabalho e dedicação, o seu lugar nas prateleiras. No começo dos anos 2000, duas coletâneas organizadas pelo escritor Luiz Ruffato compilaram 55 nomes de prosadoras brasileiras surgidas a partir de 1990. Certamente um número expressivo.

Esta edição do Cândido se dedica a discutir questões caras relacionadas à participação das mulheres no atual cenário da literatura brasileira. Existe uma marca da literatura feita por mulheres? Ou tudo se resume “apenas” a literatura, sem nichos e segmentações? Especialistas no assunto e escritoras debatem essas questões, tão antigas quanto a própria literatura. Constância Lima Duarte, doutora em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP), resgata a história das mulheres na literatura ocidental em um ensaio esclarecedor. O especial ainda traz matéria sobre a presença das mulheres na literatura paranaense. Clarah Averbuck, uma das vozes femininas surgidas no final dos anos 1990, publica conto inédito na seção de inéditos, que ainda traz poema de Miguel Sanches Neto e trecho do romance Mugido de trem, de Nilson Monteiro. O escritor Guido Viaro vai “Em busca de Curitiba” com o instigante conto “Benjamin vermelho”.

Convidado do último encontro do projeto “Um Escritor na Biblioteca” em 2012, o romancista gaúcho João Gilberto Noll fala sobre a concepção de sua inquieta prosa, que figura hoje como uma das mais singulares da literatura contemporânea. A edição ainda traz um perfil de Fernando Naporano, jornalista e músico que fez história no underground brasileiro e que há alguns anos se refugiou em Curitiba.

Boa leitura.