Cândido indica

O último grito
Thomas Pynchon, Companhia das Letras, 2017
(Trad.: Paulo Henriques Britto)
Maxine Tarnow é uma mãe divorciada que perdeu sua licença para trabalhar como investigadora de fraudes financeiras. Esse detalhe burocrático, porém, não a impede de seguir em frente. Quando Gabriel Ice entra em seu radar, Maxine tenta descobrir a relação do jovem bilionário com coisas estranhas que vêm acontecendo na Nova York de 2001 — o ataque terrorista às Torres Gêmeas, por exemplo, ou o interesse de Gabe em um simulador de realidade virtual que roda na deep web, o DeepArcher. Em seu oitavo romance, o escritor norte-americano Thomas Pynchon se vale de todos os elementos que o notabilizaram — a paranoia, o absurdismo, as coincidências, os vários personagens — para construir uma delicada crônica familiar e evidenciar a importância dos afetos reais na era do boom tecnológico.

A arte muda da fuga
Carlos Dala Stella, Editora Positivo, 2018 
Para chegar a este recorte de 108 poemas do curitibano Carlos Dala Stella, a doutora em literatura Marta Morais da Costa vasculhou um conjunto de aproximadamente duas mil páginas de textos, desenhos, recortes e colagens feitas pelo autor de O gato sem nome (2007) e O caçador de vaga-lumes (1998). Apesar dos eventuais contratempos na hora de fazer a seleção, Marta afirma que, aos poucos, descobriu pontos em comum, matizes de cores que se sobressaíam e possíveis agrupamentos. A amostra conta com o auxílio do próprio poeta, que privilegiou o material mais representativo de seus versos mais recentes. 

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Ao farol
Virginia Woolf, Autêntica, 2013
(Trad.: Tomaz Tadeu)
Este romance (o favorito da própria autora, Virginia Woolf) é imprevisível e espantoso: nele as coisas demoram demais para acontecer e, ao mesmo tempo, acontecem num piscar de olhos. O livro, com uma linguagem introspectiva, descreve a vida da família Ramsay e seus amigos numa casa de praia na ilha de Skye, na Escócia, antes e depois da Primeira Guerra Mundial. Sob a promessa de um passeio ao farol, o tempo passa modificando impiedosamente a vida dos personagens, tudo conduzido pela escrita habilidosa e sutil da autora, que faz uso do fluxo de consciência — técnica que domina com perfeição. Apesar de melancólico, o romance é poético e filosófico e discute temas como casamento, família, arte, vida, morte e o terrível e inevitável passar do tempo.

A véspera
Ivan Turguêniev, Boitempo, 2019
(Trad.: Paula Vaz de Almeida e Ekaterina Vólkova Américo)
A história deste romance se desenvolve em Moscou e nos seus arredores às vésperas da Guerra da Crimeia (1853- 1856), onde Elena, uma moça forte e independente demais para os padrões da época, tem seu coração disputado entre o escultor Chúbin, o intelectual Bersiéniev e o revolucionário búlgaro Insárov. Porém, ela é prometida em casamente pelo pai a Kurnatóvski, funcionário público prático e utilitarista. Elena se apaixona por Insárov e juntos planejam fugir para a Bulgária, onde ele pretende lutar contra os turcos pela libertação do seu país. Turguêniev, autor do clássico Pais e filhos, conduz o romance equilibrando o cômico e o trágico sem economizar lirismo e momentos de reflexões.