Biblioteca Afetiva

Acho que o coração de quem gosta de ler é cheio de afetos, lembranças e evocações de milhares e milhares de... o quê, enredos, poemas, personagens, situações? Sensações, palavras? Não sei. Mas é cheio. E é difícil tirar um pedacinho que seja do coração. E nem se sabe quais são as delicadas e sinuosas ligações de tudo dentro dele. Mas meu coração bateria diferente — e não sei como bateria — sem Os irmãos karamázov, Coração das trevas e Doutor fausto (nas traduções de "Boris Solomonov", a renegadinha do Schnaiderman, Albino poli Jr. e Herbert Caro).

Denise Bottmann atua como tradutora de inglês, francês e italiano desde 1985, nas áreas de ciências humanas, história da arte, teoria e história literária. Vive em Registro (SP).

Eu poderia citar qualquer uma das obras de Jorge Luis Borges, autor que eu vivo numa relação de eterna releitura. Mas escolho Ficções, que reúne alguns dos meus contos favoritos, como “Pierre Menard, autor do quixote” e “O jardim das veredas que se bifurcam”. Por uma estranha mania, toda vez que viajo, acabo levando esse livro junto. Não sei explicar a razão, mas é bom se afastar de casa na companhia de Borges.

Schneider Carpeggiani é jornalista e editor do suplemento literário Pernambuco. Vive em Recife (PE).

Há alguns anos fui contratado por uma multinacional de transporte modal para filmar a descarga de um navio no porto de Rio Grande. Saímos de Porto Alegre para fazer um transbordo em Santa Maria e seguir adiante, mas as condições do tempo (chuva, raios e relâmpagos) nos impedia de continuar voando. A companhia disponibilizou uma van para nossa equipe seguir via estrada. Peguei emprestado de um amigo de trabalho No caminho de Swan, do Marcel Proust. O encantamento foi imediato. A maneira delicada e precisa de tratar os temas, de movimentar o tempo externo/interno, a criação de um universo histórico pessoal de memória afetiva, enfim, uma escritura perfeita. Pra um cara que se considera meio vagabundo pra ler, embora seja louco por literatura e música, foi bem bacana.

Beto Carminatti é roteirista, escritor e diretor de cinema e TV. Dirigiu o longa-metragem Mistéryos, baseado na obra de Valêncio Xavier, e o documentário As muitas vidas de Valêncio Xavier. Vive em Curitiba.


Guerra e paz, de Leon Tolstói, além de ser um lindo romance, retrata um pouco da história do século XIX — as guerras empreendidas por Napoleão Bonaparte, sua campanha pela Áustria, a invasão da Rússia pelo exército francês e a sua retirada. O livro também mostra o cotidiano dos soldados e servos e as tradições religiosas da época. A riqueza e o realismo dos detalhes fazem com que o romance seja considerado um dos maiores livros da história. Vale a pena ler.

Vilma Aparecida Gural Nascimento é bibliotecária e Assessora Técnica da Direção da Biblioteca Pública do Paraná. Vive em Curitiba (PR).