Biblioteca Afetiva

Rafael Campos Rocha
Sou o típico cara de livros de cabeceira, porque leio todo dia antes de dormir. Mas sou um leitor volúvel e infiel. Minha cabeceira teve fases, correspondentes aos meus amores do momento. Alguns amores sempre voltam: Kaváfis, Trackl, Pound, Hugs, Eliot, Celan, Baudelaire...Enfim, poesia. já tive a minha fase de teoria dos anos 1960, minha fase grega, de grandes romances como Tolstoi e romances pop, como Vonnegut, ou autores híbridos, como Joyce, Walser e Manganeli. A teoria também sempre volta, com Barthes, Foucault, Adorno e o chamado "marxismo ocidental". Além do próprio Marx, um de meus autores prediletos, inclusive esteticamente. Já tive minha fase Dante, Shakespeare, minha fase História da Arte (a mais longa de todas), e até minha fase freudiana. Tive até uma fase anarquista, guiada por Max Nexttlau. Mas meu amor do momento são os quadrinhos, no qual reinam absolutos George Herriman e Roy Crane. Estou convencido que Herriman é um dos maiores artistas de todos os tempos, tanto em técnica, quanto em linguagem. Sim, Krazy Kat, de George Herriman, deve ser o meu amor.

Rafael Campos Rocha é ilustrador. Vive em São Paulo (SP).
Almir de Freitas

O deserto dos Tártaros, de Dino Buzzati, é a história do Tenente Giovanni Drogo, que durante anos serve no isolado forte Bastiani, onde nada acontece e de onde só se avista um deserto sem fim. Nesse tempo, a única expectativa é a incerta e lendária chegada do exército dos tártaros — esperança de que a vida, cheia de nada, ganhe um sentido. Nessa poderosa e dura fábula, Drogo passa a vida entre a ilusão de conseguir a sua desforra contra a vida banal e uma incerteza: e se for um homem comum, a quem não cabe senão um destino medíocre?

Almir de Freitas é repórter da revista Bravo! Vive em São Paulo (SP).


Vlad Urban
Nunca acreditei que Cuba fosse o “império do mal” e nem nessa propaganda negativa que a imprensa não cansa de fazer sobre uma das mais bem-sucedidas experiências alternativas ao capitalismo selvagem, que os meios de comunicação tanto exaltam. Mas o grande barato de Os últimos soldados da Guerra Fria, de Fernando Morais, não é só perceber, mesmo com toda isenção do escritor, o que acontece nas relações entre Cuba e Estados Unidos, mas também se deliciar com um dos melhores livros de espionagem e aventura que eu tive oportunidade de ler. E o mais legal, é que tudo ali é real. Desde a simplicidade do terrorista, que só queria ser o Sylvester Stallone, até as astutas resoluções de Cuba para ficar em vantagem diplomática com os Estados Unidos. Tudo faz parte desta história e também da nossa história, afinal de contas estamos todos no mesmo tabuleiro desse jogo. Recomendadíssimo!

Vlad Urban é guitarrista da banda Sick sick sinners e criador do Psycho Carnival. Vive em Curitiba (PR).

Canísio

Anita Garibaldi: uma heroína brasileira, de Paulo Markun, é um retrato das vidas de Giuseppe Garibaldi e de Ana Maria de Jesus Ribeiro, mais conhecida como Anita Garibaldi. Através deste livro, compreendemos a dimensão desta mulher dedicada e corajosa, que esteve ao lado do marido em diversas revoluções. Um livro que indico para a compreender melhor as batalhas no Sul do Brasil.

Canísio Miguel Morch é bibliotecário da Divisão de Documentação Paranaense da BPP. Vive em Curitiba (PR).