Biblioteca Afetiva

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Cresci no interior de Minas, na casa dos avós: família grande e livros por todo lado. O jornal chegava todo dia. Chegavam também revistas semanais. Para mim o sábado era o dia especial: ir à única banca de revista da cidade comprar e me maravilhar com a Revista Recreio. Cada semana uma história com alguma brincadeira ou jogo. Era nas histórias que eu me amarrava. Depois de ouvir Lobato e suas reinações para dormir, surgia ali os mais representativos nomes da nova literatura infantil brasileira: Ruth Rocha, Joel Rufino dos Santos, Ana Maria Machado e principalmente Sônia Robatto, a grande responsável pela publicação. Depois de ler e colecionar a Recreio, meu mundo ficou pequeno, os livros tornaram-se inseparáveis.

Rosaly Isabel Senra Barbosa é graduada em Biblioteconomia e Comunicação Social pela UFMG. Trabalhou como bibliotecária na UFMG de 1984 a 2004. Desde então, atua na rádio UFMG Educativa à frente do Programa Universo Literário. É autora, entre outros, dos livros Em busca de cerejas, nas trilhas de Santiago de Compostela (2004) e Otto (2011). Vive em Belo Horizonte (MG).



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Tenho dificuldade de eleger apenas um livro afetivo. São muitos. Fico dividido entre dois: A divina comédia e Dom Quixote. Eles não são eternos. São permanentes: estão sempre presentes. Quanto mais o tempo passa, mais me convenço de que toda a literatura, em qualquer língua e em qualquer tempo, sempre foi e sempre será metaficcional. Essas duas obras materializam essa crença. Por isso, Dante Alighieri e Miguel de Cervantes são contemporâneos de Rodrigo Petronio. O resto é realidade.

Rodrigo Petronio é escritor e filósofo. Autor, entre outros, dos livros História natural (poemas, 2000), Transversal do Tempo (ensaios, 2002), Assinatura do sol (poemas, Lisboa, 2005), Pedra de luz (poemas, 2005) e Venho de um país selvagem (poemas, 2009). Vive em São Paulo (SP).