Biblioteca Afetiva

celina
Lembro que, lá pelos 12 anos, ao percorrer as prateleiras da biblioteca da minha cidade escolhi, pelo título, O vermelho e o negro, de Stendhal. Mesmo sem perceber as complexidades da narrativa, fiquei encantada com a trajetória de Julien Sorel, personagem que enfrenta suas paixões e dúvidas em meio às transformações da sociedade. Ter reconhecido nele uma personagem moderna, em crise, ajudou a moldar o meu gosto pelo aspecto psicológico das personagens e pelas contradições que o ser humano carrega, na vida e na arte.

Celina Alvetti é jornalista e professora da PUC-PR. Mora em Curitiba (PR).


Três autores redefiniram minha apreciação literária. Um deles é o quase óbvio Edgar Allan Poe, seguido
Biscaia
pelo infalível J. D. Salinger. Recentemente o que mais tem me tomado por assalto é Chuck Palahniuk. Mais conhecido por Clube da luta, este autor estadunidense tem uma série de outros livros igualmente ou ainda mais impactantes. No sufoco, por exemplo, mescla perversões sexuais com crítica social. Mas o mais marcante de seus livros ainda é Sobrevivente. É a história do ultimo remanescente de uma seita que decretou suicídio coletivo aos seus seguidores. Em sua jornada, narrada de dentro de um avião suicida, o protagonista faz atendimentos falsos na linha de um disque-ajuda, conta com o auxílio de uma vidente que não se surpreende com nada, tem um brilhante diálogo com seu irmão através de um glory hole de banheiro público e um brilhante duelo final sobre um lixão repleto de revistas pornográficas. Palahniuk tem habilidade para celebrar as idiossincrasias da humanidade, conseguindo sustentar ao mesmo tempo uma doce crueza e uma torpe poesia.

Paulo Biscaia Filho é diretor de teatro e cineasta. Escreveu e dirigiu o longa-metragem Morgue Story – Sangue, Baiacu e Quadrinhos. Vive em Curitiba (PR).

mitie

“O livro Antonio, da escritora Beatriz Bracher, foi um dos poucos que consegui ler até o fim neste ano. O romance fala de um filho em busca da sua história, impulsionado pela descoberta tardia de um outro filho, de um outro tempo, da mesma mãe, com o mesmo nome. Essa história é contada de diversas formas e olhares pela família e por conhecidos. Encontrei a autora em um evento. Me aproximei e pedi um autógrafo. Enquanto ela, timidamente, aceitava o desafio do improviso, falei bem baixinho: “amei sua família!” Ela abriu o livro, delicadamente, e escreveu: “Amor recíproco”. Antonio e Beatriz agora fazem parte da minha história.

Selma Mitie Taketani Utrabo é proprietária da Itiban Comics Shop, loja especializada em histórias em quadrinhos. Vive em Curitiba (PR).

Danielle

“Indico O grande mentecapto, escrito por Fernando Sabino, pois a partir deste livro aprendi a gostar de literatura. Diferente das coisas “chatas” que temos que ler no ensino médio, quando ainda não temos muito conhecimento de literatura e acabamos por não entender nada, o livro de Sabino é de fácil entendimento, dinâmico e muito divertido. Além de nos ensinar muita coisa, o escritor cita diversos autores ao longo da história.

Danielle Ribeiro é estudante de Letras – Espanhol e vigilante da Biblioteca Pública do Paraná desde 2008. Vive em Curitiba (PR).