Biblioteca Afetiva


A história é meio maluca, mas acho que vale a pena contar. Por influência de um querido amigo de Belém
Foto Christian Kraw
do Pará, comecei a gostar dos contos de Caio Fernando Abreu. Logo me apaixonei também pelas crônicas do volume 'Pequenas Epifanias'. E acho que acabei vivendo uma delas certo dia de 2003: morando em Paris como estudante, fuçava um balaio de livros usados quando me deparei com a edição francesa do único romance que Caio F. escreveu, e eu já adorava, 'Onde Andará Dulce Veiga?'. Custava 3 euros -- dava pra encarar, pensei -- e, feliz, me dirigi ao caixa já folheando o volume quando, dentro, encontro uma carta manuscrita. Uma carta comum (vou evitar expor, aqui, a intimidade do autor desconhecido), mas com um detalhe intrigante: datada de 3 de junho, meu aniversário! O livro virou, mais do que nunca, de cabeceira.

Christian Schwartz é tradutor e professor da Universidade Positivo (UP). Vive em Curitiba (PR).


Foto Alexandre Nero
As primeiras leituras que me interessaram foram da coleção “Para gostar de ler”, que chegou até mim por meio da escola, ainda no primário ou ginásio, não me recordo. Lá conheci Drummond, Rubem Braga, Luis Fernando Verissimo, Fernando Sabino, entre outros. Através desta coleção conheci minha primeira paixão literária: Luis Fernando Verissimo. O humor do seu texto me pegou. Sempre gostei de colocar humor no meu trabalho, e o Verissimo foi o cara que me apresentou isso na literatura. A série O analista de Bagé foi minha primeira paixão literária.

Alexandre Nero é músico e ator. Vive no Rio de Janeiro (RJ).

Foto Fábio Silvestre

Não lembro do primeiro livro que li, mas sim do primeiro que me marcou e me transformounum humorista e num amante do humor. Roubei, ou melhor dizendo, emprestei de uma biblioteca de Tibagi (PR) 30 anos de mim mesmo, do Millôr Fernandes, que acabei esquecendo de devolver. Esse foi o livro que me ensinou a escrever e me influencia até hoje. Outro livro essencial na minha vida foi o Dom Quixote, do Miguel de Cervantes. Levei três meses pra lê-lo e prorroguei o final até onde pude, tamanha a vontade de não me despedir daquele amigo e grande “desfeitor” de injustiças. Acho um livro imprescindível para conhecer o ser humano.

Fábio Silvestre é ator e comediante. Vive em São Paulo (SP).


Foto Felipe Kryminice
Pra mim, quando se trata de literatura, não há vínculo maior que aquele que crio com os livros que gostaria de ter escrito. Como sempre fui um apaixonado por crônicas esportivas, certamente, À sombra das chuteiras imortais, de Nelson Rodrigues, é uma leitura que me acompanha até hoje — mesmo tendo lido há um bom tempo. O livro tem mais de 50 crônicas escritas na época de ouro do futebol brasileiro e mostra que a magia do esporte bretão vai muito além das quatro linhas. Em um dos textos, Nelson fala que o tempo é uma convenção que não existe nem para o craque, nem para a mulher bonita. Existe para o perna-de-pau e para o bucho. Ao escrever isso, sem querer, o cronista acabou mostrando que o tempo, essa convenção, também não existe para um bom livro, nem para uma boa leitura.

Felipe Kryminice é estudante de Publicidade e Propaganda e estagiário da Divisão de Difusão Cultural da BPP. Vive em Curitiba (PR).