Apresentação

Urgência e polêmica são dois elementos que podem ajudar a explicar o sucesso de Michel Houellebecq (foto), o autor francês mais lido da atualidade — e tema do especial de capa deste Cândido. “Urgência” porque seus livros tratam de temas atualíssimos, como imigração, desemprego, depressão, vício em medicamentos, clonagem, terrorismo, turismo sexual, etc. Já a “polêmica” fica por conta das provocações distribuídas pelo escritor ao longo de sua obra e que muitas vezes acabam por ferir suscetibilidades (“misógino” e “xenófobo” são adjetivos bastante usados por seus detratores).

Mas há, ainda, um terceiro elemento, destacado pelo escritor e jornalista Paulo Polzonoff Jr. no texto principal da edição: o humor. Para ele, Houellebecq é um palhaço, porém não daqueles escrachados. Sua capacidade de fazer rir está nos detalhes. “Um adjetivo aqui, uma metáfora quase que nonsense lá, um aforismo acolá e, às vezes, uma sentença irresponsável quando menos se espera”, explica Polzonoff.

João Lucas Dusi, da equipe do Cândido, também ajuda nessa investigação, traçando um perfil biográfico do francês — com foco no relacionamento problemático dele com a mãe e no caráter “visionário” de sua obra (há quem diga que o movimento dos “coletes amarelos”, surgido na França em 2018, foi antecipado em seu livro mais recente, Serotonina). Uma lista comentada com todos os livros de Houellebecq completa o material.

 Reprodução
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Outro João, o Anzanello Carrascoza, participou da edição de junho do projeto Um Escritor na Biblioteca. Com mais de 30 títulos publicados — entre romances, antologias de contos, livros infantojuvenis e de não-ficção —, ele relembrou sua trajetória como autor e leitor. A transcrição do bate- -papo, mediado pelo jornalista Yuri Al’Hanati, começa na página 6. As fotos são de Murilo Ribas.

O Cândido 97 ainda traz um artigo da escritora e pesquisadora Juliana de Albuquerque na coluna Pensata, HQ de Ricardo Coimbra, trecho do novo romance de Márcia Barbieri e poemas de Ana Guadalupe, Nicolas Behr e Jim Morrison (na tradução de André Caramuru Aubert). Todas as ilustrações deste número são do cartunista Benett.

Boa leitura.