4 Poetas Paranaenses | Guilherme Gontijo Flores


É COMO AQUELA

palavra que escapa
e desliza sobre outra
palavra que
escapole
e teima em apontar
outra palavra e mais
outra
até que só nos resta
o silêncio ou o belo
dum
putamerda
e ali carinhosamente aninhar
o desencontro da língua
no desencontro do mundo



A VOZ

Um abutre farto do abismo
pousa entre postes
enquanto aguarda
sua eletrocussão

fvd



Guilherme Gontijo Flores nasceu em Brasília, em 1984. É poeta, tradutor e leciona latim na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Estreou com os poemas de brasa enganosa, em 2013, livro finalista do Prêmio Portugal Telecom. Em 2014, lançou o poema-site Troiades — remix para o próximo milênio. Essas obras deram início à tetralogia Todos os nomes que talvez tivéssemos. Como tradutor, entre vários outros, publicou A anatomia da melancolia, de Robert Burton (2011-2013), agraciado pelos Prêmios APCA e Jabuti, e Elegias de Sexto Propércio (2014). Os poemas publicados pelo Cândido fazem do próximo livro do autor, L`azul blasé. Gontijo vive em Curitiba (PR).